Ano Letivo

2017/2018

Unidade Curricular

Laboratorio de Urbanistica

Ano Curricular

Docência

Cidália Ferreira da Silva e Vincenzo Riso

Título do Exercício

Caminhar Como Prática de Reconhecer

Local de Intervenção

Vários Lugares do Concelho de Guimarães

Enunciado do Exercício

Este exercício pretende iniciar o estudante no reconhecimento do espaço-tempo através da ação do caminhar. Cada elemento é chamado a ter uma relação atenta com a prática do caminhar, apreendendo e sentindo a complexidade do ambiente construído que percorre. Caminhar é um ato criativo através do qual reconhecemos. Este reconhecer é feito através da relação direta entre o nosso corpo e o espaço percorrido. Desta forma, transformamos a perceção do espaço e também a nossa própria relação entre o espaço, o tempo e a experiência cognitiva dos mesmos. Convida-se cada grupo a escolher um percurso situado no concelho de Guimarães. Como vários alunos são deste concelho, sugere-se que utilizem o seu conhecimento próximo do lugar para descobrir o percurso. A única regra que se dá é o tempo medido da ação: 20 min a andar. Esta dá a relação entre espaço e tempo. Sugere-se também que saiam das ruas/estradas principais. O andar permite-nos a liberdade de nos perdermos e assim descobrirmos outros espaços.

Caminhar Como Prática de Reconhecer

Vários autores

(R)EVOLUÇÃO por Flávio Pires, Hélio Peixoto, Ivo Silva e Luís Lemos
Local: concelho de Guimarães

O trabalho caminhar para reconhecer, exigiu ao grupo realmente caminhar, ouvir, explorar e dissecar totalmente o percurso selecionado. Ao longo deste trabalho o foco começou por serem as marcas que ficaram do passado e toda a evolução ou revolução que o sítio sofreu. Localiza-se na Costa, conselho de Guimarães. Um percurso rico de história e de transformações. Através das relações que fomos mantendo com os vários temas do percurso como a água, os muros, os pavimentos, as novas e mais antigas construções, começamos a perceber o quão importantes são estas marcas para este lugar, já que o definem. Assim, a investigação foi-se aprofundando através de pesquisas, nos mais variados sítios, desde os habitantes que mantêm a relação mais próxima com o lugar, a um maquinista. O grande impulsionador do nosso tema foram as fontes, algumas mais formais do que outras, visto que muitas vezes é na informalidade e nas experiências de vida que percebemos o que se altera, e ainda as recordações. Isto porque, numa conversa com uma senhora percebemos que “Isto não era nada assim, aqui antigamente era só quintas, não existiam estes prédios...” este discurso despertou a atenção do grupo, pois percebemos a riqueza do lugar a nível de alterações e tudo o que já havia sido modificado. Para dar forma a todas estas características do espaço, necessitamos de fazer uma maior pesquisa de mapas com uma diferença de anos considerável para percebermos que as maiores transformações surgiram nos seguintes anos. Primeiro, no ano de 1891 foi autorizada a construção da linha de caminhos-de-ferro entre Guimarães e Fafe, que através da sua forte presença, conduziu a uma forte alteração no terreno. Sentimos assim, necessidade de demonstrar estas transformações através de plantas e essencialmente de secções. O ano de 1990, pois entendemos que traduz o grande crescimento demográfico da cidade e, consequentemente a necessidade das pessoas se instalarem nesta periferia da cidade. Para tal, foram indispensáveis novas construções e particularmente habitações coletivas. Com isto, a transformação do terreno foi notável sobretudo na sua representação a nível de desenhos. O último ano, exibido no painel é obviamente o de 2017, já que foi quando chegamos ao sítio e começamos a desenvolver a pesquisa que no fundo é contínua, visto que as diferenças são observadas diariamente, o que hoje é de uma forma amanhã pode já não ser. Concluindo, o trabalho baseia se em factos concretos, mapas hidrográficos e cartográficos, livros, e fotos antigas, mas essencialmente baseia-se no testemunho de quem acompanha este lugar de uma forma mais intensa e, principalmente das pessoas mais idosas, que acompanham e acompanharam a transformação do terreno. Contudo, sempre visto de um modo diferente pois estas mesmas pessoas também cresceram e detêm diferentes perspetivas do espaço, o que para nós foi o mais relevante porque são o testemunho mais próximo do nosso percurso fazendo parte dele.



MUROS
 por Francisco Gerós, José Araújo e Inês Oliveira
Local: concelho de Guimarães

A definição acima referida é a patente em qualquer dicionário da Língua Portuguesa, no entanto, não satisfaz a definição que este elemento exige no âmbito da disciplina da arquitetura e do estudo do território. Para clarificar a mesma surgiram uma serie de premissas comuns aos muros utilizados como casos de estudo no percurso: 1- são sempre um elemento segregador de espaço na vertical; 2 - são o elemento de divisão de parcelas mais utilizado; 3 - são de pedra; 4 - as morfologias são variáveis consoante a aplicação prevista para o muro; 5 - as funções para as quais se constroem são distintas; 6 - só se tem acesso aos muros que dividem a parcela privada da pública e a estrutura viária da estrutura parcelar, mas reconhece-se a presença dos mesmos na divisão de parcelas exclusivamente privadas; 7 - são o elemento potenciador de distintas interpretações e sensações espaciais dependentes da relação deste com o corpo no espaço e a envolvente próxima. Com esta clarificação entendeu-se que o muro tem uma importância colossalmente maior do que maioritariamente se lhe atribui e que no contexto da cidade de Guimarães e da Zona específica do percurso, que abrange as freguesias de Oliveira do Castelo (que pertence ao centro da cidade) e de Azurém (já a na periferia), este elemento surge realmente como um marco no terreno, como uma constante. Ainda ligado à permanência do objeto, é também de notar que a sua presença vai diminuindo à medida que o observador se vai afastando do centro da cidade e que na periferia a sua função ganha um carácter decisivo na divisão de parcelar privadas e da mesma para a estrutura viária. É irrefutável a participação dos muros no desenho daquilo que é a malha urbana (e os suportes físicos que a constituem) por isso foram também sintetizadas algumas relações que se consideram importantes: - O muro relaciona-se com o LOCAL em que está inserido por utilizar o sistema construtivo tópico da área, assim como o material abundante: o granito; sublinha-se também a relação metafórica que este elemento estabelece com a muralha, símbolo daquilo que foi, e ainda hoje permanece, a cidade medieval; O muro relaciona-se com o tecido urbano por intervir no desenho dos 3 suportes físicos; - Com a ESTRUTURA PARCELAR por ser o elemento que divide as parcelas, quer seja uma relação parcela privada/parcela, privada, parcela privada/parcela pública ou parcela privada/rede viária; - Com a ESTRUTURA VIÁRIA não só por dividir a mesma de algumas parcelas, mas também por ser em grande parte, o elemento que a delimita; - Com a ESTRUTURA EDIFICADA por ser o elemento que junto com a construída forma o negativo, o espaço vazio, que foi sempre visto como o espaço mais sujeito à apropriação do Homem (usado para jardim, quintal, etc).



INTERSTÍCIOS
 por Ana Rita, Diogo Araújo, Helena Lopes e Carlos Barbosa
Local: concelho de Guimarães

Quando nos foi dada a opção de escolher um percurso para o desenvolvimento deste trabalho e após uma breve discussão, o grupo decidiu que o mesmo seria em Selho S. Lourenço, uma freguesia relativamente próxima da cidade de Guimarães, mas que não apresenta as mesmas características físicas desta última. Algumas das razões para esta escolha baseiam-se no facto de haver no local determinados fatores que estiveram, de alguma forma, presentes na vida de cada um dos elementos do grupo, e com os quais estávamos familiarizados. Surgiu então esta vontade de saber mais sobre aquilo que considerávamos trivial até à altura. Conhecendo bem a freguesia de Selho S. Lourenço, o grupo decidiu explorar esta nova ideia de “caminhar” através de um dos percursos mais próximos do rio Selho. Este Rio, de dimensões relativamente reduzidas, com uma extensão de aproximadamente 25km, deságua no Rio Ave, na freguesia de Serzedelo. Atribui este nome às três freguesias pelas quais passa que se apelidam da mesma forma: Selho S. Lourenço, Selho S. Cristóvão e Selho de S. Jorge. Assim que começamos a tatear o percurso escolhido fomo-nos deparando com determinadas características que viemos a perceber serem essenciais para a compreensão e análise do local. Estas características dizem respeito à diferença das altimetrias, tendo em conta que quanto mais afastados estávamos do rio, maior era a diferença de cotas (cerca de 35 metros de diferença); de cheiros, de ruídos e sobretudo de pavimentos. Os atributos acima referidos iam variando dependendo sempre de outros fatores. Os cheiros dependiam muito do tipo de parcelas (agrícola ou urbana); os ruídos variavam consoante, por exemplo, a distância à estrada nacional N207-4 e os pavimentos iam-se alterando consoante a categoria dos caminhos (viários ou pedonais). Esta primeira observação suscitou em nós uma curiosidade baseada naquilo que seria este interstício entre o percurso escolhido e o rio. Nesta continuidade apercebemo-nos que este mesmo interstício era o ponto chave, o elo de ligação entre as duas realidades que se pretendiam reconhecer. Começamos então a analise deste intervalo espacial, atualizando a estrutura parcelar urbana e agrícola, adicionando todas as habitações que não haviam sido representadas e redesenhando as parcelas agrícolas que haviam sido vítimas de palimpsesto. Apesar de algumas diferenças, este interstício manteve algumas das suas características, sendo elas o facto de haver um predomínio de parcelas agrícolas. Por este motivo verificamos uma ação humana muito repetitiva e sazonal, fruto das condições atmosféricas. Fomos, por consequência, na busca dos locais onde esta ação humana atingisse o seu auge. Investigamos então os pontos onde há este “toque” e onde é assumida a forte presença de moinhos e pontes, com grande conteúdo histórico. Aqui observamos novas situações: a ação humana controla o que é natural de maneira a tirar maior partido a seu favor. Nos moinhos, a água do rio é doseada de forma que haja a corrente ideal para a moagem do milho para obter a farinha, quer para consumo próprio como para a venda da mesma. As pontes servem o homem desde o primórdio dos tempos, permitindo a continuidade de percursos e interrompendo a barreira física que é um rio. Ambas as intervenções, numa relação simbiótica, servem o homem e resultam de tentativas sucessivas de controlar a realidade, mesmo quando esta parenta livre e incontrolável. O percurso mostrou-se cíclico, ainda que livre. Sazonalidades, mudanças, toques, palimpsesto e influências, coexistências que em sobreposição resultam naquilo que foi, desde o primeiro contacto, o interstício.



LE FIL ROUGE
 por Cecília Rodrigues, Eliane Soares, Nair Oliveira e Rita Fernandes
Local: concelho de Guimarães

Sempre que percorremos um espaço, ainda que já o tenhamos percorrido mil e uma vezes, existe sempre algo que ainda não tinha sido apreendido, há sempre uma realidade que se acrescenta quer seja fisicamente ou sinestesicamente. Assim, e tendo sempre como objetivo “caminhar como prática de reconhecer” propusemo-nos, enquanto grupo, a analisar e entender o percurso não da forma convencional, de olhar para rua como um tramo isolado, mas sim como um fio unificador de espaços cujos elos são as praças. Assim sendo, partimos do largo do toural, seguimos pela Rua Doutor Avelino Germano (evitando o percurso mais óbvio, que seria pela a Alameda S. Dâmaso) chegado ao Largo Condessa do Juncal. Continuamos pela Rua Egas Moniz até à Rua João de Melo, lugar da praça que foi devolvida à cidade de Guimarães (Largo de Donães), retomamos pela Rua Egas Moniz, atravessando o início da Rua Alfredo Guimarães até chegar à Rua doutor José Sampaio terminando no Jardim do Lugar das Hortas. Surge assim, após caminhar por este percurso a ideia síntese do nosso trabalho: Reconhecer o espaço público através de fatores como a estratificação do tempo, como apropriações e processos de transformação nos diferentes tempos de construção urbana, e avaliar individualmente cada praça deste percurso sem abandonar nunca a ideia de continuidade e unidade de todo o percurso através do “FIL ROUGE”. Desse modo, o percurso que executamos é portador de quatro momentos principais: Largo do Toural; Largo Condessa do Juncal; Largo de Donães e Jardim do Lugar das Hortas. Como forma de analisar estes espaços individualmente sem nunca deixar o conjunto, surge então como tema a análise dos espaços estre esses lugares principais tendo sido utilizado os alçados como material de unificação dos eixos, tendo sido esse um dos principais temas de análise.



ALTA(A)TENSÃO
 por Alfredo Carvalho, Ana Mota, Hélder Oliveira e Nuno Correia
Local: concelho de Guimarães