Categoria
Tese
Ano de Publicação
2014
Editora
RepositoriUM, BUM-Teses de doutoramento
Local de Publicação
Guimarães
Língua
Português
Cidália Ferreira da Silva
Esta é uma tese sobre o tempo como prática, dentro da arquitetura como um campo expandido, que incorpora os desafios territoriais contemporâneos. ‘Tempo como prática’ é uma oportunidade para re-questionar a praxis arquitetônica, nas suas ferramentas e maneiras de pensar, nomeadamente, a dicotomia entre projetar e investigar, a fim de re-conectar o campo da arquitetura com os desafios dos lugares contemporâneos, designadamente, os trazidos pela urbanização extensiva, que cresceu exponencialmente durante a segunda metade do século XX . Se no início do século XX, os arquitetos do Movimento Moderno enfrentaram a urgência da necessidade de habitação para os milhões de pessoas sem casas, no início do século XXI, somos confrontados com um novo desafio: como re-fazer, mais uma vez o que já está feito? Esta problemática fundamenta o argumento desta tese, que afirma que mais do que uma questão de 'espaço' este é um desafio de ‘tempo’, uma vez que, refazer implica integrar que os lugares são processos temporais complexos, nos quais cada intervenção é apenas um "instante" do que o lugar vai-ser-e-tem-sido. É a partir desta problemática que a questão-chave da investigação surge e justifica a sua relevância: como projetarinvestigar com o tempo a partir dos lugares contemporâneos? Esta questão é desdobrada através de 12 ensaios, dos quais cinco estão publicados, organizados em quatro séries, com três ensaios cada. A fim de entender 'como projetar-investigar com o tempo’ precisamos primeiro de reconhecer, ‘ver’ os lugares contemporâneos, sendo este o objetivo da série um, a qual revela simultaneamente a ausência do tempo tanto na interpretação como na intervenção contemporânea, dentro do novo rótulo proposto — território fissiform. As séries dois e três desenvolvem a resposta à questão-chave, explorando as relações entre futuro-passadopresente, através do tempo dobrado como coexistência e através do tempo vivido, nomeadamente: (a) propondo um projeto disciplinar inovador o ‘interprojeto', uma prática de projetar como investigação, na qual propor e saber são um, e através da qual podemos gerar novo conhecimento; (b) definindo as quatro operações do tempo para a sua prática — Enraizar [Grounding], Respigar [Gleaning], Incitar [Inciting] e Transmutar [Transmuting]. Como procurar conhecimento é a semente já encontrada na segunda e terceira séries, desenvolvida através da prática de ‘see(d)(k)ing’ explorada na série quatro. ‘See(d)(k)ing’ supera ‘projetar’ e ‘investigar’, para desenvolver uma hipótese que está ‘entre’ e ‘além’. Tendo como objetivo contribuir para a abertura de potenciais formas de pesquisar novos conhecimentos disciplinares, explora o tempo vivido, na transmutação da coexistência entre ver [seeing], semear [seeding] e procurar [seeking] que incorpora a incerteza como um mecanismo para criar (não-)saber. Esta tese é impressa em papel com duas cores: (a) em branco os ensaios; (b) em azul a base relacional "através”, a saber: (1) o Discurso sobre o tempo como prática — que justifica o argumento deste tese e a sua relevância (porquê), a sua estrutura e as relações através das séries de ensaios (o quê) e a metodologia do tempo vivido no relacionamento direto com os ensaios (como); (2) a conclusão; (3) o glossário ; ( 4) e, por fim, a bibliografia.