Ano Letivo

2007/2008

Unidade Curricular

Laboratorio de Urbanistica

Ano Curricular

Docência

Cidália Ferreira da Silva Vincenzo Riso Ana Lopes

Título do Exercício

Construir um olhar específico

Local de Intervenção

Área de Silvares, Brito e Ronfe, no concelho de Guimarães

Enunciado do Exercício

Este exercício propõe a reflexão sobre áreas inseridas no território difuso do Vale do Ave. Este território apresenta um modelo de urbanização distinto do modelo tradicional, associado às cidades consolidadas, sendo assim necessário treinar o olhar para o reconhecimento dos traços e pegadas que estes territórios apresentam, com o objetivo de inventar novas formas de intervir. É fornecida uma amostra alargada do Vale do Ave, inserida na continuidade urbana definida pelo eixo e pretende-se que o aluno crie uma interpretação que se funda num olhar específico; este olhar seleciona temas e/ou elementos, que por serem sistematicamente recorrentes em toda a extensão da amostra, se reconhecem como estruturantes no território e na paisagem resultante. O mote para a criação da ideia-chave será dado com a seleção de uma fotografia, que o grupo considere exemplificativa da sua inquietação perante a área de estudo. Devem associar essa fotografia a um tema e/ou elemento reconhecido.

Transmutações

Fernando Ferreira, Daniel Duarte Pereira, Daniel Macedo e Sara Ferreira

Fotografia catalisadora do tema: Transmutações.
Instaurando um olhar incidente na imagem, que se define por um território vinculado ao vale do Ave, associou-se a temática transmutações. Transmutações estas, provocadas e sentidas por todo um sentido linear e marcado, gerado pela autoestrada. Seguindo a presença deste elemento, que se revela através de um protagonismo evidente no território; assumiram-se as eventuais continuidades e descontinuidades transmutadas pela própria autoestrada. Esta mesma, agarra-se a um contexto territorial, já numa atitude transmutável relativamente ao solo: por um lado vincula-se à topografia existente, escavando-a e moldando-a, e por outro lado levanta-se sobre o solo, conquistando não só um sentido permeável, mas assumindo-se também como uma barreira física no território, inserindo-se em taludes artificiais.

Área de estudo antes da construção da autoestrada A11 (Braga-Guimarães)

Área de estudo após a construção da autoestrada A11 (Braga-Guimarães)
Situando-nos na zona de vale, pertencente à veiga de Creixomil e à qual se constitui de modo directo e linear uma continuidade de parcelas agrícolas adjacentes e dependentes à lógica ribeiro; denota-se uma fragilização que vem ao encontro das relações entre a dualidade de margens que se estabelecem nesta situação. Aqui, o facto da autoestrada levantar-se do solo, garantia já á partida uma continuidade; porém, todo o espaço sombra que se vai definindo nas parcelas agrícolas associadas ao ribeiro, caracteriza a transmutação em questão, num sentido em que além de se evidenciarem parcelas agrícolas transmutadas em espaços sem uso, verifica-se uma clara descontinuidade e quebra longitudinal e transversal das parcelas agrícolas com as parcelas edificadas.

Transmutações na Veiga de Creixomil
Aproximando-nos da região territorial conformada pelo rio, estabelece-se um indício, onde num período anterior à transmutação, se verificou um crescimento e uma ligação entre dois locais concentrados de parcelas edificadas, que por sua vez estão ligadas por rede viária, mas separadas por parcelas agrícolas associadas ao rio e ás linhas de água adjacentes. Este indício, de crescimento e ligação entre as duas malhas existentes, iria impor, no entanto, uma descontinuidade entre as parcelas agrícolas associadas a uma realidade análoga com o rio. A transmutação, provocada pela autoestrada, e definida por uma barreira física acentuada, veio vincular esta descontinuidade, transformando toda a proximidade territorial da autoestrada, em muros e taludes artificiais que contrariam toda a sugestão de vale pré-existente.

Transmutações no nó de Silvares
Avançando das cotas baixas do rio para uma cota elevada crescente, inicia-se o delinear (claro e dividido entre parcela agrícola associada ao rio; e parcela edificada e industrial, pelo intermédio de uma grande massa de arborização que é devastada pela autoestrada. Neste ponto, a transmutação torna-se análoga, já que a floresta sendo um elemento marcante nesta situação, acaba por ser transmutada num sentido de substituição pela autoestrada, acabando por reforçar a divisão pré-existente.

Transmutações no vale do Rio Ave

Transmutações no vale do Rio Ave. Cortes antes e depois
Finalmente, na região em que a topografia e a arborização, se acentuam perentoriamente no território, a autoestrada transmuta duas situações ambivalentes: por um ·lado, a uma cota mais elevada, constata-se uma transmutação estável, já que a parcela edificada surge amparada pela floresta, indo a autoestrada implementar passivamente; por outro lado, as parcelas ás cotas mais baixas, e a sua relação de vale com a parcela edificada e floresta situadas à cota elevada, foi completamente transmutada pela imposição de taludes artificiais, que insurgiram um valor mais instável e desequilibrado ao vale.

Transmutações na área florestal. Cortes
Partindo inicialmente de uma ideologia, vinculada ás continuidades do território, que surgem como resultado de uma transmutação um tanto passiva provocada pela autoestrada; concluiu-se que as transmutações incidem sempre numa descontinuidade territorial, isto é, este elemento linear e forte, implica um processo de transformações que atravessa diferentes escalas e tempos, provocando quebras ou descontinuidades com maior ou menor estabilidade. Além disso, sendo a autoestrada um elemento tão linear, ao longo desta linha, surge um "nó" de acesso, que se define numa espécie de núcleo que manipula todo um espaço macro escalar, onde se destacam parcelas industriais. Este núcleo, conclui a temática das transmutações, indo mais além ao denominar-se como uma espécie de "subtransmutação", isto é, uma transmutação dependente da autoestrada que adquire quase um sentido de repetição ao longo de um território mais abrangente.

act-20072008-lu-exe4-grupo_g-img-01 Fotografia catalisadora do tema: Transmutações
Instaurando um olhar incidente na imagem, que se define por um território vinculado ao vale do Ave, associou-se a temática transmutações. Transmutações estas, provocadas e sentidas por todo um sentido linear e marcado, gerado pela autoestrada. Seguindo a presença deste elemento, que se revela através de um protagonismo evidente no território; assumiram-se as eventuais continuidades e descontinuidades transmutadas pela própria autoestrada. Esta mesma, agarra-se a um contexto territorial, já numa atitude transmutável relativamente ao solo: por um lado vincula-se à topografia existente, escavando-a e moldando-a, e por outro lado levanta-se sobre o solo, conquistando não só um sentido permeável, mas assumindo-se também como uma barreira física no território, inserindo-se em taludes artificiais.
Área de estudo antes da construção da autoestrada A11 (Braga-Guimarães) Área de estudo antes da construção da autoestrada A11 (Braga-Guimarães)

Área de estudo após a construção da autoestrada A11 (Braga-Guimarães) Área de estudo após a construção da autoestrada A11 (Braga-Guimarães)
Situando-nos na zona de vale, pertencente à veiga de Creixomil e à qual se constitui de modo directo e linear uma continuidade de parcelas agrícolas adjacentes e dependentes à lógica ribeiro; denota-se uma fragilização que vem ao encontro das relações entre a dualidade de margens que se estabelecem nesta situação. Aqui, o facto da autoestrada levantar-se do solo, garantia já á partida uma continuidade; porém, todo o espaço sombra que se vai definindo nas parcelas agrícolas associadas ao ribeiro, caracteriza a transmutação em questão, num sentido em que além de se evidenciarem parcelas agrícolas transmutadas em espaços sem uso, verifica-se uma clara descontinuidade e quebra longitudinal e transversal das parcelas agrícolas com as parcelas edificadas. Transmutações na Veiga de Creixomil, Guimarães Transmutações na Veiga de Creixomil
Aproximando-nos da região territorial conformada pelo rio, estabelece-se um indício, onde num período anterior à transmutação, se verificou um crescimento e uma ligação entre dois locais concentrados de parcelas edificadas, que por sua vez estão ligadas por rede viária, mas separadas por parcelas agrícolas associadas ao rio e ás linhas de água adjacentes. Este indício, de crescimento e ligação entre as duas malhas existentes, iria impor, no entanto, uma descontinuidade entre as parcelas agrícolas associadas a uma realidade análoga com o rio. A transmutação, provocada pela autoestrada, e definida por uma barreira física acentuada, veio vincular esta descontinuidade, transformando toda a proximidade territorial da autoestrada, em muros e taludes artificiais que contrariam toda a sugestão de vale pré-existente.
Transmutações no nó de Silvares
Avançando das cotas baixas do rio para uma cota elevada crescente, inicia-se o delinear (claro e dividido entre parcela agrícola associada ao rio; e parcela edificada e industrial, pelo intermédio de uma grande massa de arborização que é devastada pela autoestrada. Neste ponto, a transmutação torna-se análoga, já que a floresta sendo um elemento marcante nesta situação, acaba por ser transmutada num sentido de substituição pela autoestrada, acabando por reforçar a divisão pré-existente.
Transmutações no vale do Rio Ave Transmutações no vale do Rio Ave
Transmutações no vale do Rio Ave. Cortes antes e depois Transmutações no vale do Rio Ave. Cortes antes e depois
Finalmente, na região em que a topografia e a arborização, se acentuam perentoriamente no território, a autoestrada transmuta duas situações ambivalentes: por um ·lado, a uma cota mais elevada, constata-se uma transmutação estável, já que a parcela edificada surge amparada pela floresta, indo a autoestrada implementar passivamente; por outro lado, as parcelas ás cotas mais baixas, e a sua relação de vale com a parcela edificada e floresta situadas à cota elevada, foi completamente transmutada pela imposição de taludes artificiais, que insurgiram um valor mais instável e desequilibrado ao vale.

Transmutações na área florestal. Cortes Transmutações na área florestal. Cortes
Partindo inicialmente de uma ideologia, vinculada ás continuidades do território, que surgem como resultado de uma transmutação um tanto passiva provocada pela autoestrada; concluiu-se que as transmutações incidem sempre numa descontinuidade territorial, isto é, este elemento linear e forte, implica um processo de transformações que atravessa diferentes escalas e tempos, provocando quebras ou descontinuidades com maior ou menor estabilidade. Além disso, sendo a autoestrada um elemento tão linear, ao longo desta linha, surge um "nó" de acesso, que se define numa espécie de núcleo que manipula todo um espaço macro escalar, onde se destacam parcelas industriais. Este núcleo, conclui a temática das transmutações, indo mais além ao denominar-se como uma espécie de "subtransmutação", isto é, uma transmutação dependente da autoestrada que adquire quase um sentido de repetição ao longo de um território mais abrangente.