Ano Letivo
2013/2014
Unidade Curricular
Tese de Mestrado
Supervisor/Orientador
Vincenzo Riso, Daniel Duarte Pereira e Ana Francisca de Azevedo
Local de Intervenção
Limite administrativo entre o distrito de Braga e Viana do Castelo, Portugal
Mónica Castro
A ideia que inicialmente motiva este trabalho de investigação assenta na simplificação e semelhança gráfica imposta pela cartografia normativa, resultando representações abstractas difíceis de identificar com os lugares reais. Esta problemática incita, por um lado, uma pesquisa historicamente desconstrutiva sobre a prática cartográfica, avaliando os sucessivos processos e códigos de que se apropriou para transformar a realidade de forma a conseguir ser lida e incorporada no mapa; Por outro, é introduzida a acção de caminhar como uma ferramenta que possibilita, por si só, uma aproximação e um tipo de leitura e conhecimento directo, minucioso e complexo de um lugar, mas também, na sua relação com o mapa, confirmando, reprovando e complementando, ao percorrer a realidade, as informações que fornece. O contraste entre a escala cartográfica e pedonal será explorado através de um exercício de atravessamento concreto – a actual linha de fronteira entre os distritos de Braga e Viana do Castelo, uma linha que à partida só existe no mapa, mas que, caminhando sobre ela no território real, pode adquirir espessuras que comprovam a sua existência e que compreendem os motivos do seu traçado, aparentemente abstracto no mapa.
Para concretizar a linha de pensamento exposta o trabalho divide-se em quatro partes: a primeira incorpora quatro capítulos e corresponde a uma pesquisa teórica que explora, por um lado, os processos inerentes à construção de um mapa e, por outro, as múltiplas relações que o homem estabeleceu com o território a partir do atravessamento pedonal, de forma a reunir as ferramentas que a acção de caminhar oferece para explorar e conhecer o território. Depois de contextualizadas teoricamente as duas escalas, introduz-se o exercício prático de atravessar a linha-limite na parte II, estruturada em três capítulos, começando por apresentar o caso de estudo e definir uma estratégia para a sua análise/acção, passando por explicar a concretização do percurso e, por fim, ler e interpretar in situ os motivos para o traçado da linha-limite. O mapa é enquadrado quer na preparação/execução do percurso quer na descodificação da passagem da linha no território real, praticando constantemente o território a partir do percurso e do mapa.
Por fim, na terceira parte estabelecem-se conclusões e reflexões sobre os temas abordados e, na última parte apresentam-se as referências bibliográficas e os anexos, onde se incorpora um arquivo do território a partir de situações captadas pelo caminhante durante o atravessamento e organiza-se um dossier com documentação referente à prática do caminhar.