Ano Letivo
2010/2011
Unidade Curricular
Atelier 1A – Paisagem
Ano Curricular
4º
Docência
Rute Carlos
Título do Exercício
A Paisagem da Veiga de Creixomil
Local de Intervenção
Veiga de Creixomil, Guimarães
Enunciado do Exercício
ATELIER 1A contempla um único exercício prático, faseado, que tem como objetivo a reflexão e a transformação da Veiga de Creixomil. Partindo desta área de reserva agrícola e ecológica, procurar-se-á analisar a complexidade do lugar, interpretando os elementos, os processos, as dinâmicas e as lógicas relacionais que caracterizam a sua paisagem, de modo a formular uma estratégia de atuação que ative o seu potencial latente. O exercício desenvolve-se em três fases: (1) ANÁLISE – a partir da observação in situ e da exploração do lugar os alunos, em grupo, deverão construir uma narrativa (crítica e seletiva) que sintetize a problemática e o potencial do lugar e que aponte uma ideia/conceito de intervenção. (2) ESTRATÉGIA – a través da exploração da ideia, os alunos deverão descobrir/desenvolver as ferramentas que permitem sintetizar o processo de atuação, enquadrando-o num projeto estratégico capaz de definir em simultâneo, um método de atuação e um compromisso formal com o lugar, definindo programa(s), escala(s) e tempos(s) de intervenção. Nesta fase serão também definidos os âmbitos de atuação individual. (3) ATUAÇÃO – a partir da estratégia, cada aluno individualmente irá produzir um estudo preliminar de um âmbito de atuação, desenvolvendo ferramentas que o permitam sintetizar. Esta fase concluirá com a definição formal e construtiva de uma ou várias intervenções propostas.
António Brigas, Carlotta Pichler e Pedro Rodrigues
Painel de grupo.
O trabalho desenvolvido propõe um olhar específico sobre a paisagem, que serve de mote para a transformação da Veiga de Creixomil, reserva agrícola nacional.
O território foi analisado a partir de uma observação por estratos, numa lógica de sobreposições no espaço e no tempo. Estes estratos e a sua sobreposição sucessiva constituem, nesta análise, a identidade da veiga. Propõe-se uma integração destes estratos, (equipamentos, edificado, rede viária e pedonal) no tecido agrícola e rede hídrica existentes. Um “flatten” dos vários “layers” em função de um modo de entender a veiga: um olhar específico.
A ribeira de couros constitui o tronco de uma serie de ramificações (os talvegues) do suporte hídrico até as cotas mais altas. As parcelas agrícolas de menor dimensão e mais férteis desenvolvem-se ao longo destas linhas de talvegue e é por elas que a veiga, como manta de retalhos agrícola, transborda para um contexto mais urbano, menos inundável e erodível.
Propõe-se o talvegue como linha estruturante, que permite que a Veiga deixe de ser entendida ao longo da ribeira mas sim, como uma série de transversalidades á ribeira que se repetem pelo território. A Veiga deixa de ser “ilha” com “portas” (isso já o faz a via rápida e diversos equipamentos de grande dimensão) mas sim um território em correlação com outros, com diversos modos de aceder e relacionar. As linhas de talvegue são catalisadoras de um desenho na paisagem, que, desfazendo os limites, fazem expandir a veiga e integram as várias sobreposições.
Definiu-se um modus operandi para o tratamento das principais linhas de talvegue. Potenciar as marcas e transformações ao longo das estações, tratar e assinalar as linhas com vegetação resolvendo os crescentes problemas de erosão do solo, e libertar as linhas entubadas. Prevê-se ainda a criação de pontos de depósito ao longo destas linhas que servem de agregadores dos sedimentos e nutrientes e como locais de prospeto.
É a partir destas linhas biológicas que se organizam ciclovias, acessos pedonais e locais de prospeto. É a partir destas linhas que se vai perceber e olhar a veiga. Fomenta-se um caracter de pedagógico iniciado pela horta pedagógica existente e interligam as diversas sobreposições num olhar específico que expande e relaciona Veiga pelo território.
LINHA BIOLÓGICA VERDE, Carlotta Pichler
Painel individual.
Na continuidade da estratégia geral o talvegue assume-se como elemento que valoriza e re-estabelece o fio condutor entre as várias “sobreposições” afirmando-se como unificador do vale.
A partir das cotas mais elevadas e mais urbanizadas, o talvegue vem desentubado e tratado como uma linha biológica ao longo da qual corre um percurso pedonal em pedra local que requalifica e tenta reorganizar o espaço urbano.
O percurso, mantendo o mesmo caráter, desce para o vale e integra o polo desportivo da Veiga, até chegar ao rio entrando nas pequenas parcelas, características deste território.
Aqui, o caminho torna-se o apoio aos agricultores, com pequenos locais para armazenagem de produtos e equipamentos.
Define-se assim um modelo que possa ser expandido e aplicado a toda a Veiga.
LINHA BIOLÓGICA VERMELHA, António Brigas
Painel individual.
A proposta pretende interligar autoestrada, habitação e agricultura através do talvegue como unidade de paisagem, acelerando o processo de cicatrização já iniciado naturalmente.
A linha tratada é definida por dois talvegues que correm em encostas que se olham, une o vale e a autoestrada através do talvegue, e liga o primeiro plano á linha do horizonte através água.
Cria-se ao longo dos talvegues uma linha biológica e um percurso pedonal sobrelevado por estacas de madeira (como muitos percursos pedonais na veiga), que liga as habitações das cotas mais elevadas, passa sobre a autoestrada e desce, embrenhando-se nas parcelas agrícolas. O percurso interfere no desenho dessas parcelas, no tratamento da água, na criação de zonas férteis e reforça as vinhas em forcado como limites controlando a erosão.
LINHA BIOLÓGICA LARANJA, Pedro Rodrigues
Painel individual.