Ano Letivo
2012/2013
Unidade Curricular
Atelier 1A – Paisagem
Ano Curricular
4º
Docência
Rute Carlos
Título do Exercício
A Paisagem ao Longo do Rio Selho em Creixomil e Fermentões
Local de Intervenção
Creixomil e Fermentões, Guimarães
Enunciado do Exercício
ATELIER 1A contempla um único exercício prático, faseado, que tem como objetivo a reflexão e a transformação da paisagem ao longo do rio Selho em Creixomil e Fermentões. Partindo desta área de reserva ecológica e agrícola, procurar-se-á analisar a complexidade do lugar, interpretando os elementos, os processos, as dinâmicas e as lógicas relacionais que caracterizam a sua paisagem, de modo a formular uma estratégia de atuação que ative o seu potencial latente. O exercício desenvolve-se em três fases: (1) ANÁLISE – a partir da observação in situ e da exploração do lugar os alunos, em grupo, deverão construir uma narrativa (crítica e seletiva) que sintetize a problemática e o potencial do lugar e que aponte uma ideia/conceito de intervenção. (2) ESTRATÉGIA – a través da exploração da ideia, os alunos deverão descobrir/desenvolver as ferramentas que permitem sintetizar o processo de atuação, enquadrando-o num projeto estratégico capaz de definir em simultâneo, um método de atuação e um compromisso formal com o lugar, definindo programa(s), escala(s) e tempos(s) de intervenção. Nesta fase serão também definidos os âmbitos de atuação individual. (3) ATUAÇÃO – a partir da estratégia, cada aluno individualmente irá produzir um estudo preliminar de um âmbito de atuação, desenvolvendo ferramentas que o permitam sintetizar. Esta fase concluirá com a definição formal e construtiva de uma ou várias intervenções propostas.
Ana João Viana, Ana Luís Soares, Cristiana Fevereiro e Marisa Fernandes
Painel de grupo.
A amostra em análise situa-se entre três áreas de Guimarães, em aparente crescimento económico, Pevidém, Silvares e Creixomil. Neste sentido, a superfície em estudo surge como uma mancha verde funcionando como um respiro, que agrega as três freguesias e faz a transição entre a densidade dos núcleos edificados.
Os fatores mais relevantes no terreno foram a abundante presença de agricultura (que ainda hoje se perpétua), os deficientes acessos/ligações entre margens, a presença do elemento natural rio e o património existente no local. Procurando agregar estes fatores, de modo a potenciar, reutilizar, impulsionar e resolver, achou-se pertinente a criação de um conjunto de infraestruturas que oferecessem à população o carácter de união e sentido de comunidade, relação social. Este conjunto não seria um chamamento turístico ao local em estudo, mas uma resolução dos problemas desta comunidade específica.
Surge, assim, o tema (INFRA) ESTRUTURAS DE RURALIDADE.
Deste modo, recorreu-se aos terrenos ditos baldios para infraestruturar este conceito, uma vez que são terrenos abandonados e que marcam presença ao longo do rio, sendo também os que mais necessitam de ações de reutilização e resolução. Sobre estes terrenos serão propostos o prolongamento do cultivo de vinha e cereal e a criação de hortas sociais, de percursos e espaços florestais públicos.
Quanto à proposta de cultivo de vinha, cereal e hortas sociais, esta implicou uma limpeza dos baldios. No caso da vinha e do cereal, expande-se e repete-se o já existente, o que subentendeu um estudo do traçado e do sistema tanto da flora local como da irrigação indispensável. O cereal é evocado pelo fato de ser uma prática antiga do local, fundamentada na presença dos moinhos. No que diz respeito aos percursos, estes vêm na sequência dos acessos existentes no local, propondo a reciclagem de uns e o desenho de outros, de modo a resolver os problemas que a rede atual não satisfaz, nomeadamente, a ligação entre margens, núcleos habitacionais e comunidades. Deste modo, foram classificados dois tipos de percursos, percurso agrícola e percurso social. O primeiro tem um carácter de apoio e acesso à parcela agrícola, relacionado com os três tipos de cultivo propostos (vinha, cereal e hortas sociais). O objetivo deste tipo de percurso é fomentar a circulação de pessoas, de modo a incentivar a valorização do trabalho agrícola. O segundo tem um carácter, como o nome indica, social, relacionando núcleos habitacionais.
No que respeita à criação de espaços florestais públicos, estes resultam na plantação de novas áreas e reestruturação da floresta existente.
O rio apresenta-se como principal agente modificador de paisagem e criador de infraestruturas favoráveis à vivência. O descuido deste recurso teve como consequência o abandono e o descurar da vegetação, logo é também um aspeto importante a ter em conta estrategicamente. Tendo em conta que a proposta de intervenção inclui a plantação de novas áreas, a possibilidade de uso das águas do rio para irrigação dessas e outras áreas privadas tornou-se parte da proposta.
Assim, encaram-se como melhorias, a requalificação de espaços/lugares para acolher funções que venham beneficiar os habitantes do local, promovendo a agricultura como atividade maioritariamente praticada pela população, tendo em vista o seu desenvolvimento e evolução ao longo dos anos.
PLANTAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO DA FLORESTA, Marisa Fernandes
Painel individual.
Este trabalho aponta os espaços baldios como possibilidade de intervenção potenciando atividades e fornecendo espaços públicos através de dois tipos de intervenção: por um lado a criação de novas plantações arbóreas que tornarão estes núcleos num sistema de aproveitamento de áreas abandonadas, por outro lado, a reestruturação da floresta já existente, uma mancha arbórea que devido à falta de conservação impossibilita o seu uso pela população. Os dois tipos de intervenção interligam-se na estratégia proposta não só a nível programático como a nível temporal. Os tempos de corte na plantação e na restruturação da floresta coincidem para que se possam perceber as transformações em simultâneo na área de intervenção.
EXTENSÃO DO CULTIVO, Paula Martins
Painel individual.
A proposta de cultivo de vinha, cereal e hortas sociais, implica uma limpeza dos terrenos baldios de intervenção. No caso da vinha e do cereal, expandiu-se e repetiu-se o já existente, o que subentendeu um estudo do traçado e do sistema tanto da flora local como da irrigação indispensável. A vinha que se encontra em terrenos privados, constituindo parte do Património existente no local, propõe-se a extensão desta através da criação de socalcos no terreno, o desenho visual resultante desta técnica associada depois à vinha do enforcado, já aplicada na amostra, unifica e relaciona o território. O cereal é evocado pelo fato de ser uma prática antiga do local, fundamentada na presença dos moinhos. Deste modo, propõe-se o cultivo deste, em terrenos a montante do único moinho que ainda hoje se apoia na moagem como sua principal atividade. Nas hortas sociais procedeu ao tratamento de chão, de modo a prepará-lo para o uso comunitário. Esta área situa-se na zona onde a população mais próxima não possui condições para a prática agrícola. Deste modo, propõe-se a criação de terrenos a cultivar pela comunidade, fornecendo as ferramentas necessárias à atividade em questão servindo a população de forma utilitária e subsistente.
PERCURSOS SOCIAIS, Cristiana Fevereiro
Painel individual.
Tendo como mote uma intervenção focada nos percursos utilizados pelos habitantes deste contexto rural da periferia de Guimarães, constituem-se dois percursos de carácter social, um “domesticado” e um rural. No que toca ao percurso social “domesticado” uma análise preliminar do lugar permitiu identificar uma grande falta de uniformidade na materialidade do seu pavimento, assim como a existência de sistemas de drenagem de águas pluviais muito precários e artesanais. O percurso social rural apresentava também inúmeros problemas ao nível do chão, consequência da estereotomia irregular da pedra. A intervenção procurou dar resposta a estas carências de modo a potenciar o preexistente, através da repavimentação dos percursos tendo como principal preocupação o escoamento das águas pluviais.
PERCURSOS AGRÍCOLAS, Ana Luís Soares
Painel individual.
O estudo e a proposta de intervenção nos percursos agrícolas prende-se com a necessidade de melhorar e conferir coesão a estas infra-estruturas de acesso às parcelas agrícolas. Assim, os percursos aqui estudados estão associados aos três grandes tipos de cultivo propostos: cereal, vinha, hortas. No percurso da vinha, pretende-se que seja requalificado e prolongado, de forma a interligar a área de vinha existente, com a área de vinha proposta. Já no percurso do cereal, além de serem potenciados os acessos à parcela, pretende-se ainda ligar três estruturas presentes no território, associadas às práticas co cultivo do cereal: moinho, celeiro, estrutura de conduta de água. Quanto ao percurso das hortas, pretende-se criar um fácil acesso das pessoas dos bairros sociais às hortas comunitárias propostas.
RIO SELHO, Ana João Viana
Painel individual.
Numa área onde a população está fortemente ligada à agricultura e a paisagem surge bastante marcada pela sua presença, tornou-se essencial o estudo do rio Selho. A proposta consiste na recuperação da qualidade da água e das margens e na desobstrução do rio, de modo a melhorar a paisagem ribeirinha e a qualidade da água, para posteriores utilizações de rega. Assim, prevê-se a remoção de lixos, sedimentos acumulados e parte da vegetação infestante; e o aprofundamento do leito, incitando ao escoamento natural das águas. A restante vegetação, em junção com as espécies autóctones arbóreas e arbustivas propostas, constituem uma mais-valia à prevenção da erosão da margem e à depuração natural da água. A proposta garante parte do projeto geral, mas o processo só resulta se houver periocidade na realização das mesmas e colaboração da população/entidades públicas.