Ano Letivo

2018/2019

Unidade Curricular

Laboratorio de Urbanistica

Ano Curricular

Docência

Cidália F. Silva e Vicenzo Riso

Título do Exercício

Refazer lugares: Formas de Ocupação e Processos de Transformação do Vale do Cávado

Local de Intervenção

Vale do Cávado

Enunciado do Exercício

O exercício é estruturado em duas fases: Fase 1) Interpretação e representação das formas de ocupação e respetivos processos de transformação. Assumindo a lógica de funcionamento do sistema da água como elemento estruturador deste território, as formas de ocupação deverão ser exploradas tendo em conta: as atividades e processos e formas de transformação; os ciclos produtivos; a relação entre espaço público e espaço privado; a caracterização dos seus limites; a caracterização tipo-morfológica; as medidas e proporções; e a materialidade constituinte, nomeadamente do chão, sendo sensível aos níveis de permeabilidade do solo. Esta análise, deve ainda tornar visível os processos temporais que deram origem às formas de ocupação, na interpretação do palimpsesto que as criou. Fase 2) Redesenhar um espaço público ou uma estrutura de escala urbana/territorial. Pretende-se que se descubra a vocação e o despoletar do projeto com a seguinte estrutura: “Citar” – selecionar/representar os elementos de permanência do lugar que servirão de suporte ao projeto; “Recitar” – desenhar a estrutura base, que integra-transforma o ‘citar’, e serve de suporte à indeterminação futura, nomeadamente ao nível dos usos; “Incitar” – antecipar os cenários possíveis de transformação da estrutura base, ao nível por exemplo da sua apropriação futura.

Refazer lugares: Formas de Ocupação e Processos de Transformação do Vale do Cávado

Vários autores



ÁGUAS PASSADAS MOVEM MOINHOS
por Bruno Pereira, Catarina Moreira, Cláudio Meires e Márcia Oliveira

As hortas comunitárias propostas nesta intervenção organizam-se em três socalcos que surgiram por caminhos já existentes nesta área. A ideia desta zona de cultivo é estar organizada por parcelas individuais, permitindo que os habitantes da Vila de Prado possam usufruir da mesma. Para a separação das parcelas, optou-se por utilizar muros de pedras, por serem muito recorrentes nesta zona.

Cada socalco possui um espaço fechado que permite o armazenamento de instrumentos agrícolas, assim como caixas de compostagem que cada produtor poderá encher com restos orgânicos, de modo a que os solos das hortas sejam mais férteis. Uma vez que a atividade agrícola é de interesse também das crianças, e como este campo se situa próximo de um infantário, o socalco inferior – embora possa ser utilizado por qualquer pessoa – destina-se a crianças que normalmente se interessam pela escavação e plantação de produtos.

Numa zona mais próxima da rua, localiza-se um posto de recolha para os produtores, de modo a que estes possam limpar alguns dos alimentos e funciona também como uma área para convívio entre eles.

A área de lazer praticamente manteve-se a mesma, embora com esta proposta se sugiram algumas atividades. Neste espaço, podem-se encontrar vários pilares com cerca de 1,5 metros de altura e a ideia seria adaptar este espaço de forma a promover a arte e para isso, utilizar estes elementos de modo a que esta área possa acolher uma possível zona de exposição de trabalhos (infantário ou outros) ou permitir que esta seja uma área para jogar voleibol



DESCOBRIR | LIMPAR A RIBEIRA DE FEBROS
por Ana Rita Cabral, Francisca Freitas, Henrique Ferreira e Pedro Silva

A Ribeira de Febros possui 13 km de extensão, nascendo no monte Sabroso passando pelas freguesias de Travessós, Nevogilde, Carreiros (Santiago), Carreiros (São Miguel), Moure, Lage, e por último Prado. Ao longo da Ribeira, encontram-se diversos equipamentos de moagem de uso coletivo, que se localizam aproximadamente de 500 em 500 metros.

Na nossa amostra, encontramos também tanques que, neste momento, se encontram abandonados. Constatamos, ainda, que esta Ribeira é utilizada como apoio aos campos de cultivo. No entanto, para abranger uma maior área de campos agrícolas, foram criados alguns desvios do curso da Ribeira. As construções e o edificado urbano evitam o contacto com a mesma. Consequentemente, encontra-se poluída e completamente abandonada. A partir disto, incidimos numa intervenção que promova a limpeza das margens e da ribeira e que solucione problemas de acessibilidades aos terrenos agrícolas ou mesmo à própria ribeira, dividindo este processo em três fases essenciais:

Fase 1: Limpeza de resíduos sólidos presentes na Ribeira e nas margens, alertando a comunidade para o projeto a ser adotado e educando-a para os riscos ambientais da deterioração do espaço público.

Fase 2: Implantação das ilhas “viveiro”; Reabilitação de caminhos existentes em mau estado.

Fase 3: Criação de novos caminhos pavimentados paralelos à ribeira para uso da comunidade para um melhor acesso aos terrenos agrícolas, assim como forma de criação de percursos para aproximação da população às características do local; Criação de áreas de lazer propícias para a prática da pesca e atividades lúdicas.

O objetivo da implantação destas ilhas “viveiro” consiste na limpeza da Ribeira de Febros, tanto a nível de resíduos sólidos como na filtração de substâncias que possam estar dissolvidas na água. Assim, estes nichos ecológicos, para além de funcionarem como pequenos viveiros e habitats naturais, tornam possível o cultivo de espécies vegetais de pequenas dimensões para uso da população, como ervas aromáticas ou flores. Por outro lado, esta proposta visa melhorar também o aspeto da ribeira e da sua envolvente, criando agradáveis locais de lazer ou de pesca.
Uma resposta sustentável feita de materiais com base natural cuja única manutenção necessária é a retirada dos resíduos sólidos, que vem favorecer os habitantes e a fauna local.



ENTRE PRAIAS
por Ana Luísa Abreu, Bárbara Peixoto, Duarte Amorim e Filipa Serino

O território apresentado situa-se na Vila de Prado, uma freguesia junto ao Rio Cávado.

O percurso que o grupo de trabalho identificou como problemática inicia-se na praia do Faial e termina na Praia do Mirante, onde se começou por observar o local envolvente e a perceber um pouco a forma de utilização do espaço e de que maneira o rio é um elemento fundamental neste território. Visitando o local de intervenção durante a época de inverno e de verão é notável a transformação do território. A queda da folha e as marcas eminentes da intervenção humana na limpeza do espaço traduz agora um ambiente mais amplo, onde a luz incide mais vigorosamente, ao contrário do que acontecia na época de verão.

Outro aspeto relevante são as enchentes, uma situação natural que se caracteriza pelo transbordamento do leito do rio. Sendo provocada por chuva intensa ou pela abertura da Barragem do Gerês, verifica-se um aumento no nível da água ao longo da margem. Este fenómeno está dependente da época do ano em que nos encontramos, assim como períodos de chuva abundante. A sua temporalidade passa por diversos fatores, podendo ser perene, quando há sempre água a fluir no seu leito, ou seja, não seca durante o ano ou em época de chuva e cheias, geralmente no inverno, onde apresenta bastante água em curso. Pelo contrário, na sua estiagem ou período de secas, normalmente no verão, desaparece temporariamente. Devido a estas enchentes, a circulação em alguns espaços torna-se difícil, requisitando o redesenho dos mesmos.

A nossa intervenção funda-se no reconhecimento deste percurso ao longo da margem, exigindo um novo olhar e interpretação do espaço, de modo a entender todos os fatores que nos rodeiam para que a nossa intervenção respeite e proteja o que já existe, enaltecendo as suas potencialidades. Potencialidades essas que se assumem perante um movimento e quietude, uma alternância de espaços amplos e estreitos com jogos de luz e sombra que providenciam sensações múltiplas, tensões e acessos vários feitos perpendicularmente ao rio.
O grupo de trabalho pretende coser a duas praias com a criação de espaços que reúnam condições para que as pessoas possam usufruir dos mesmos livremente, permitindo que as atividades existentes permaneçam, concedendo também a composição de outros cenários.



PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA NA RELAÇÃO COM O RIO
por André Mata, Carlos Campos, João Leite e José Paulino

O primeiro objetivo, passa pela produtividade agrícola, onde pretende estimular a prática da policultura agrícola por parte da comunidade local, para consumo próprio ou para venda em mercearias locais. Para tal, foi criado um conjunto de sistemas necessários a essa prática tais como: sistema de rega natural, caminho de ligação e hortas pedagógicas.

Num segundo objetivo pretende-se criar uma relação com o rio através de um percurso ao longo da margem do rio Cávado, fazendo ligação entre as praias fluviais do Faial e Mira Bar. De modo a criar boas condições de acessibilidade e condições de segurança, foi necessário efetuar um estudo aprofundado do lugar. Com base nesse estudo verificou-se que era necessário proceder a duas intervenções: limpeza das margens; reforçar/refazer o percurso junto à margem com intervenções pontuais.

O terceiro objetivo surgiu numa análise às necessidades para a elaboração da prática agrícola e verificou-se que em ambas as extremidades já existem zonas de serviços e zonas de estacionamento, sendo apenas necessário criar estruturas de apoio na parte central da amostra: edifício de apoio à prática da agricultura; criação de estacionamento que se localiza numa área abandonada próxima do viaduto.



DOBRAS
por Beatriz Abreu, Eduarda Cunha, Fábio Martins e Rui Correia

A temática do trabalho do nosso grupo para o exercício proposto foi desde os primeiros passos as diferenças altimétricas e as dobras do terreno da Freguesia de Padim da Graça. Assim, depois de uma descoberta sensorial explorada, a fase a seguir passou por identificar todas as associações e grupos existentes na freguesia, tentando perceber os locais onde se reúnem e atuam estas vivências humanas e, ao invés de projetarmos um espaço novo, optou-se por redefinir melhor as vertentes do sistema de espaços coletivos que a freguesia acolhe.

O trabalho divide-se em duas partes, requalificação de espaços públicos exteriores e requalificação de espaços públicos de domínio privado. Nos espaços exteriores identificamos três principais problemáticas: 724.5 metros da N205 sem passeio; poucos pontos para a recolha de lixo reciclável; e ainda poucos locais para o aparcamento de veículos e instalações sanitárias públicas inexistentes.

Relativamente à requalificação dos espaços públicos de domínio privado identificámos as problemáticas dos principais espaços que acolhem a comunidade para festividades, convívios, etc. No largo da igreja paroquial achamos que está um pouco deslocada da zona junto à margem do rio. Achámos também que o salão polivalente tem algumas problemáticas, apesar de ter sido requalificado há pouco tempo, localizado numa zona industrial, onde mais uma vez a relação com o rio é pouca ou quase nula.

Com isto, deu-se o melhoramento de algumas das problemáticas encontradas até este momento e o nosso plano de intervenção passará por uma restruturação do espaço do peão nas redes viárias, a projeção de um parque de estacionamento num local estratégico tendo em conta que possa apoiar o máximo de associações possíveis. Colocação estratégica de mais dois pontos de ecopontos, e na porção de terreno que já nos tínhamos proposto a projetar e a requalificar iremos criar uma praça para que possa acolher outras festividades, instalações sanitárias públicas, um auditório exterior e dois espaços encerrados que possa servir para as associações desenvolvam os seus projetos e consigam fazer as suas angariações de fundos.



A VEGETAÇÃO COMO ELEMENTO DE CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM
por Ana Margarida Leite, Bruno Abreu, José Neves and Sana Biai

Ao longo do nosso percurso de investigação em Prado, encontramos uma grande intervenção humana na organização da sua paisagem. Não se trata de um espaço que tenha sido definido previamente ou desenhado, mas sim de um território que foi moldado e adaptado ao longo dos anos, desenvolvendo-se assim através das mudanças nesta zona. A vegetação tem um papel fundamental na paisagem existente e como esta está moldada, através da diversidade de espécies e do modo como esta se organiza, seja alinhada, dispersa ou acumulada.

A primeira intervenção é a criação de um parque urbano, uma vez que notamos a falta de zonas públicas de lazer e descontração para a população daquela zona. Há também uma necessidade de criar um espaço que interligue todos os serviços. A nossa área de intervenção consiste nos lotes abandonados junto à estação de serviço. Antigamente, este terreno era uma propriedade agrícola, sendo mais tarde, deixado parcialmente ao abandono. Apesar do terreno ter perdido a sua função agrícola, este continuou a ser usado pela população que frequentava esta zona para fazer certas travessias, sendo um ponto de ligação, visto situar-se rodeado de diversos espaços de serviços. A intervenção passa por reaproveitar o terreno baldio, aproveitando os caminhos de pé-posto, pavimentando com calçada o caminho principal que se encontra no perímetro da zona, e utilizando terra batida nos caminhos secundários no centro do lote. Alterou-se a vegetação, de modo a tornar este espaço mais agradável. Reaproveitamos também uma porção do terreno que se situava mais afastada, criando um jardim urbano que gera diferentes atmosferas através das plantas aqui utilizadas.

Após a intervenção no terreno, decidimos também reabilitar a estrada que permite o acesso. Para isso, selecionamos as 3 estradas perpendiculares à estrada nacional e uma outra paralela à estrada nacional. Estas estradas foram selecionadas devido à falta de conforto e de segurança para os peões. Isto deve-se ao facto de que, a estrada dá prioridade à circulação do carro.

Na nossa proposta reforçamos a ideia de que as estradas perpendiculares seriam de circulação nos dois sentidos, mas a estrada paralela passaria a só se circular no sentido norte-sul, com apenas uma via. Para tornar o limite entre os espaços de circulação, seria acrescentado um alinhamento de árvores, de pequeno porte, que seria o limite dos espaços e dariam segurança e conforto aos peões. Nas zonas onde as casas não têm garagens foi acrescentado uma fila para estacionamento dedicada para os moradores.



A CERÂMICA DA MURTA COMO CATALISADOR
por António Morais, José Rogério Braga, Ricardo Marques e Vitor Miquelino

Iniciamos o nosso percurso na ponte de base Romana que fazia parte do caminho Romano entre Bracara augusta e Astorga e que termina na capela de santiago, na Vila de Prado. Este ponto, foi escolhido por ser o mais alto de toda a vila. Com algum estudo percebemos que parte deste percurso se integra na vasta rede de caminhos de Santiago que percorre esta região. Mas inicialmente foram os marcos que encontramos ao longo desse percurso que nos chamaram a atenção. Nomeadamente encontramos alguns espaços verdes, muito poucos, e uma enorme abundância de espaços religiosos. Na zona habitacional, encontramos uma antiga fábrica num estado um pouco degradado. Descobrimos que se trata da fábrica da Murta, uma antiga fábrica de produção de elementos cerâmicos.

A nossa intervenção na Vila de Prado vai então centrar-se numa tentativa de que todo esse passado não se perca e se preserve. Tentamos para isso arranjar estratégias que mobilizem a população e quem visite a vila. Para tal pensamos no Know How (conhecimento processual, ou o saber fazer) que será utilizado como ferramenta para que a intervenção se possa concretizar. Todas as pessoas que passaram por esta e por outras fábricas ligadas à argila, adquiriram um conhecimento que, com o fecho das fábricas não foi passado às gerações presentes, ficando em vias de se extinguir para as futuras gerações. Para estas áreas, propomos a criação, numa primeira fase, de zonas de lazer, de passeio e de visita, mas sem grande impacto. Para tal propomos que os percursos que outrora eram utilizados pelos trabalhadores e pelas máquinas que faziam a extração do barro, sejam limpos, dotados de condições de segurança, e utilizados como percursos de pé posto, permitindo que estes percursos se possam interligar com a estrada nacional que nos leva até á fábrica da murta.

Assim criamos uma espécie de “rota”. Este mesmo percurso poderia interligar-se como o caminho de Santiago que aqui passa, servindo como um espaço de descanso e lazer para quem percorre esse caminho que encontraria aqui um espaço de repouso onde poderia recarregar as energias rumo a Santiago.



O PAPEL DA INDÚSTRIA NO IMPACTO AMBIENTAL por Bruno Castro, Filipa Teixeira, Gonçalo Santos e Luís Lobo

A nossa intervenção localiza-se na zona entre a freguesia de Tibães e Ruães, surgindo do trabalho dos interstícios das manchas habitacionais e fabris, de forma a promover áreas sociais de apoio aos operários, que possam simultaneamente ser utilizados pelos habitantes locais.

O Planeamento Urbano centralizado no complexo fabril de Ruães desenvolve-se a partir de um estudo primário que categoriza toda a amostragem fabril nos tipos têxtil, construção e resíduos, e consequente identificação das suas especificidades.

Partindo desta base, abordámos os problemas mais frequentes que este tipo de indústrias provocam no local onde estão inseridas, desenvolvendo ações que atenuem o seu impacto tendo como objetivo criar um elemento de ligação que as tornasse mais coesas no local e mesmo assim diluir a barreira da pequena zona industrial concentrada mais a sudoeste.

Quanto aos problemas analisados, começando pela indústria têxtil, reconhecemos como principal adversidade a libertação de químicos tóxicos provenientes dos processos de produção. Na indústria da construção, verificámos a existência da poluição sonora como cerne dos vários problemas que apresentava. Por fim, a indústria de resíduos na consequência do processamento da sua matéria-prima que culmina na decomposição dos resíduos sólidos, cria uma atmosfera periférica odorífera que conduz ao mal-estar dos indivíduos que nela se inserem.

Em todas as zonas de intervenção presta-se uma especial atenção, numa última fase de pormenorização construtiva, às escolhas de materialidade dos pavimentos utilizados e equipamentos vários.

Esperamos que com a intervenção nesta porção do território do Vale do Ave, consigamos tornar mais coesos os diferentes polos fabris partindo de um princípio sustentável e de promoção social.