Ano Letivo
2010/2011
Unidade Curricular
Atelier 1A – Paisagem
Ano Curricular
4º
Docência
Rute Carlos
Título do Exercício
A Paisagem da Veiga de Creixomil
Local de Intervenção
Veiga de Creixomil, Guimarães
Enunciado do Exercício
ATELIER 1A contempla um único exercício prático, faseado, que tem como objetivo a reflexão e a transformação da Veiga de Creixomil. Partindo desta área de reserva agrícola e ecológica, procurar-se-á analisar a complexidade do lugar, interpretando os elementos, os processos, as dinâmicas e as lógicas relacionais que caracterizam a sua paisagem, de modo a formular uma estratégia de atuação que ative o seu potencial latente. O exercício desenvolve-se em três fases: (1) ANÁLISE – a partir da observação in situ e da exploração do lugar os alunos, em grupo, deverão construir uma narrativa (crítica e seletiva) que sintetize a problemática e o potencial do lugar e que aponte uma ideia/conceito de intervenção. (2) ESTRATÉGIA – a través da exploração da ideia, os alunos deverão descobrir/desenvolver as ferramentas que permitem sintetizar o processo de atuação, enquadrando-o num projeto estratégico capaz de definir em simultâneo, um método de atuação e um compromisso formal com o lugar, definindo programa(s), escala(s) e tempos(s) de intervenção. Nesta fase serão também definidos os âmbitos de atuação individual. (3) ATUAÇÃO – a partir da estratégia, cada aluno individualmente irá produzir um estudo preliminar de um âmbito de atuação, desenvolvendo ferramentas que o permitam sintetizar. Esta fase concluirá com a definição formal e construtiva de uma ou várias intervenções propostas.
Hugo Ferreira, Marina Almeida, Mariana Martins e Rita Santos
Painel de grupo.
O percurso e deslocação na paisagem fazem do indivíduo um elemento inerente à própria composição paisagística e à identidade do lugar. É através desta forma de 'paisagem percorrível' que se faz a transição entre temporalidades no que diz respeito à constante transformação resultante da interferência contínua do indivíduo sob o objeto (paisagem).
O percurso enquanto conceito imaterial procura extrair da paisagem o seu sentido mais "puro", em que a experimentação cronológica do momento temporal exige do observador a sua reação mais inata, dada mais pelas sensações e emoções, e menos pelo intelecto e pela razão.
A ideia de trabalhar a forma como se atravessa a Veiga surge por isso da vontade de criar um suporte físico onde seja possível viver o território sensorialmente, quer no tempo quer no espaço. Sendo ele caracterizado por uma elevada carga de significado paisagístico, bem como um uso muito específico por parte da população, pretende-se que esta intervenção venha revalorizar as qualidades do território, que indubitavelmente têm contribuído para a procura da sua própria linguagem e identidade.
A estratégia para a definição de percursos como forma de conhecer e "sentir" a Veiga visa desenvolver um conjunto formado por quatro "caminhos" aos quais estão associados uma história ou tema, permitindo reconhecê-los por um nome.
Cada uma das intervenções percorríveis, mais do que linhas que articulam diversos pontos no território, integrando a Veiga quer dentro da paisagem de Guimarães, quer atribuindo-lhe uma hierarquia e lógica internas, pretendem assumir-se como suporte sobre o qual o tempo desempenha papel preponderante.
A articulação destes percursos possibilita assim um conhecimento geral das qualidades da Veiga, compondo de uma forma indireta uma diversidade de circuitos que, ao servir-se dos percursos anteriormente apontados, permitem percorrer o território em intervalos de tempo variáveis.
PRECORRER A ESTRADA NACIONAL, Hugo Ferreira
Painel individual.
A definição deste percurso enquanto elemento projetual resulta da identificação de uma lógica de atravessamento da Veiga que engloba a circulação viária, pedonal e de bicicletas, associada à presença de construção.
A estrada nacional, aqui interpretada como geradora do desenho “urbano”, assume-se como intermediário entre o interior da Veiga/parcela agrícola e as parcelas a si anexas ocupadas por habitação ou equipamentos, que dela se servirão para se conectar ao centro de Guimarães ou outros locais.
A estratégia de projeto passa assim, por um lado, pela tentativa de hierarquizar os vários tipos de circulação, quer pela forma como se vão relacionando entre si, em diferentes extensões, materiais ou velocidades, e por outro lado, procurando tirar partido da especificidade nos vários pontos do percurso, como por exemplo: a relação entre paisagem próxima-distante; as variações de materialidade e uso entre parcelas construídas e parcelas agrícolas, que irão influenciar as dimensões e os períodos de utilização.
PERCORRER A LINHA DE ÁGUA, Marina Almeida
Painel individual.
Em pleno interior da Veiga, propõe-se um percurso associado às linhas de água, nomeadamente a Ribeira de Couros e o Rio Selho. Este percurso caracteriza-se essencialmente por ser um elemento gerador de sensações a quem o percorre, e procura revalorizar e aproveitar a presença da água, utilizando como instrumento de projeto os atravessamentos e relações entre margens.
É, em toda a sua extensão, adjacente à linha de água e, por se encontrar no centro da Veiga, relaciona-se, quer com a paisagem envolvente, quer com os vários percursos propostos, sendo que o elemento árvore desempenha um papel fundamental enquanto obstáculo e /ou permissão para o reconhecimento do território em causa.
A exploração da variação do nível de água enquanto definidor de espaço, é um fator bastante presente na definição do percurso, no sentido em que o próprio nível da água define a extensão do mesmo, influenciando a maneira como se percorre e vivencia o território.
CAMINHO REAL, Mariana Martins
Painel individual.
Constituindo um dos eixos de ligação de maior importância e valor histórico entre Guimarães e aldeias vizinhas, o caminho real assume-se como via estruturante do desenho parcelar e de conexão entre a periferia da cidade e a Veiga.
A requalificação deste caminho resulta de uma interpretação da coligação entre história e uso do mesmo. Marcado pelo tempo, este percurso mantém as suas características e limites bem delineados, rasgando o território num movimento forte, direto e claro.
É intenção do projeto reaver as características originais deste traçado e destacar a metamorfose a que este foi sujeito.
O caminho Real é rematado por duas portas de entrada na Veiga, comuns a três percursos distintos que permitem ao itinerante a possibilidade de escolha entre as diferentes formas de percorrer a Veiga. Programaticamente estes espaços possuem zonas de estacionamento e espaços de estar e lazer.
PERCURSO DO TALUDE, Rita Santos
Painel individual.
O Percurso do Talude funciona como ligação entre o centro de Guimarães e a Veiga, que a partir de certa altura surge intimamente relacionado com vias de trânsito rápido das quais se irá servir como base projetual.
A linearidade de percurso dada pela imposição da via rápida liga-se intrinsecamente à continuidade do talude, fazendo analogia a uma certa hierarquia da malha urbana. É um facto que a construção da via rápida foi o motivo pelo qual se desenvolveu o ‘talude’ na Veiga, o que comprova o fator da temporalidade na paisagem. A sua artificialidade, sendo consequência de uma via marcadamente propositiva, permitiu tratar as questões da materialidade e linguagem do percurso como elementos sobrepostos ao existente, não se detendo na maioria em elementos construídos.