Ano Letivo
2017/2018
Unidade Curricular
Tese de Mestrado
Ano Curricular
5º
Supervisor/Orientador
Maria Manuel Oliveira
Local de Intervenção
Barragem de Vilar, Moimenta da Beira, Portugal
Nelly Nobre
“Terras do Demo”, topónimo com origem na literatura aquiliniana, marca sentimentalmente um território que em si mesmo representa e identifica uma região no interior de Portugal, com caraterísticas marcadamente rurais. Confrontadas com processos de desertificação, justificados, na sua maioria, pela ausência de dinamismo socioeconómico e consequentes perdas significativas de população, estas áreas carecem atualmente de estratégias concertadas de desenvolvimento. Todavia, a capacidade que as comunidades humanas possuem de conciliar as suas exigências civilizacionais com a complexidade do território que habitam, constitui um permanente desafio que, ao longo dos tempos, tem disseminado marcas evidentes no suporte geomorfológico. Dentro desta temática, após a definição das linhas mestras da eletrificação do país na primeira metade do século XX, a construção de grandes empreendimentos hidroelétricos originou modificações de igual dimensão nas regiões onde se implantaram. A título de exemplo, há meio século atrás e como resultado da entrada em funcionamento da Barragem do Vilar, as margens do rio Távora alteraram-se drasticamente, situação que conduziu à mobilidade forçada das populações ribeirinhas, com inevitáveis impactos sociais. Não obstante o processo de descaraterização que o território sofreu, dentro do qual se destaca a primeira submersão de uma aldeia em Portugal, a presente dissertação procurou evidenciar que, simultaneamente, a construção da Barragem do Vilar dotou o vale do Távora de novas configurações, onde o Homem pode encontrar potencialidades e, de forma consciente, explorá-las. Segundo esta perspetiva, foi efetuado um novo olhar e posicionamento perante o território, sintetizados na conceptualização de um projeto que procura, ao explorar os caminhos sugeridos pelas transformações que este tem vindo a sofrer, assumir-se como contributo à sua interpretação e desenvolvimento.