O abandono e as suas potencialidades

Carla Lopes, Eduarda Rocha e Federica Braglia

O abandono é visto por muitos como um aspeto negativo na cidade, um reflexo da crise. No entanto, não é apenas um problema se o espaço oferece potencial para a inovação (no seu uso, colaboração, inter-relação e possibilidade de novos investidores).

Consideramos para efeitos de análise o quarteirão delimitado pela Avenida D. Afonso Henriques, a rua da Caldeiroa e a rua do Colégio Militar. Optamos por analisar esta área porque consideramos relevantes as potencialidades deste quarteirão, nomeadamente a proximidade a equipamentos influentes da cidade como o centro histórico, espaços culturais ou a estação de comboios; a existência de uma grande área desocupada; e a presença de amplos edifícios fabris que se encontram em desuso.

De maneira a aproveitar as potencialidades que o terreno oferece, criamos uma série de eventos temporários que complementam equipamentos e criam sinergias com os mesmos. Distribuídos ao longo do ano, assumindo uma timeline de 12 meses, tendo como grande objetivo reavivar este espaço. Desta forma, ainda que assumindo a situação de abandono, esperamos dar-lhe visibilidade e atrair mais pessoas para o quarteirão. Propomos, assim, uma maior articulação cultural, social e territorial, alargando o foco de circulação do centro histórico.

Com mínimo investimento para requalificação, preferimos empregar esforços no sentido de criar ligações com outros equipamentos da cidade, assim como apostar na divulgação dos eventos de forma local. Para mais, como arquitetas, julgamos ainda ser fundamental delinear de que modo é possível tirar o máximo partido dos espaços já existentes.

Para terminar, projetamos esta proposta refletindo na possibilidade da sua continuação, motivo pelo qual achamos importante pensar na intervenção assim como a marca, ou vestígio, que a mesma possa deixar, podendo, mais tarde, ser reaproveitado o espaço tomando partido da forma como ele está.