Ano Letivo
2019/2020
Unidade Curricular
Tese de Mestrado
Ano Curricular
5º
Supervisor/Orientador
Marta Labastida
José Pedro Fernandes
No contexto português do planeamento do espaço marítimo e o seu recente processo de territorialização, foi evidenciado um sistema de "quintais marítimos" relacionados com a atividade piscatória no litoral norte de Portugal. Atualmente, não existem mapas de localização, identificação ou dimensão Assim estes, "quintais marítimos" foram configurados para melhorar a produtividade da pesca polivalente, tornando-se espaços importantes para a sustentabilidade dos recursos naturais devido à sua alta concentração em biomassa e diversidade de ecossistemas. Este trabalho tem como objetivo mapear os "quintais marítimos" e entender a sua morfologia e dinâmica Os tópicos abordados passam pela biologia, economia, etnografia e oceanografia e para finalizar na arquitetura, que permitirá medir e desenhar esses espaços subaquáticos e explicar a sua relação com a costa / território, incluindo a toponímia e sua referência de patrimonial transmitida entre pescadores Desta forma a instigação baseia-se na recolha de informações através de entrevistas, fotos, documentação escrita e gráfica do presente (2019) e passado da atividade piscatória. Assim, a abordagem empírica, in situ, será complementada pelas referências escritas existentes dos "quintais marítimos" e das tradições desta atividade O resultado será uma primeira cartografia - ou mapa - que representa a localização, dimensões e características morfológicas dos "quintais marítimos", relacionando o espaço à toponímia usada pelos pescadores Através de desenhos e esquemas Interpretativos, a cartografia/mapa representará o cruzamento das informações espaciais com os diferentes métodos e elementos utilizados pelos pescadores. De salientar, igualmente que este mapeamento se limita a um caso de estudo: Póvoa de Varzim. Uma cidade costeira com uma longa tradição soa atividade de piscatória, dentro da Zona Económica Exclusiva (Z.E.E.) território português na subárea do Continente, onde está concentrado o maior número destes "quintais marítimos". Em suma, nos últimos 60 anos, a pesca mudou os seus processos devido à introdução de novas tecnologias digitais, como o GPS. No entanto, os "quintais marítimos" foram criados pela sabedoria adquirida pela experiência empírica e partilhados, em segredo, de geração em geração entre os pescadores, garantindo a sua manutenção como uma das principais fontes económicas da região. Assim, a imposição da tecnologia, o número de pescadores foi reduzido e os "quintais marítimos" banalizados e disputados por diferentes frotas. Neste sentido o significado cultural da toponímia dos "mares" tem vindo a desaparecer. Surgindo a necessidade de mapear os "quintais marítimos" para tornar visível o património cultural baseado numa relação direta e transversal entre o oceano e a costa - mar e terra - tomando-se numa nova ferramenta de informação e produção para o planeamento espacial marítimo nacional (território).