Ano Letivo

2008/2009

Unidade Curricular

Tese de Mestrado

Supervisor/Orientador

Carlos Maia

Local de Intervenção

Mindelo, Cabo Verde

Limite e tempo

Widson Monteiro

FERRAMENTAS PARA INTERVENÇÃO E VALORIZAÇÃO NAS MARGENS DAS RIBEIRAS DE DRENAGE, DA CIDADE DE MINDELO, CABO VERDE
A cidade do Mindelo, objecto de estudo desta dissertação de mestrado, não teve planeamento urbanístico prévio, resultando numa ocupação sem grandes preocupações territoriais, com uma textura muito irregular, cozida pelas linhas viárias que foram a guia para o seu crescimento e expansão, e linhas de escoamento das águas pluviais ao longo das montanhas e em direcção ao mar. Hoje, a cidade é marcada por esses rasgos no construído, que formam grandes vazios urbanos lineares, que são o suporte para as manifestações e práticas pessoais, sociais e culturais, mas de limites indefinidos, que enfraquecem a relação entre espaços da cidade, fracturando-a. De modo a trabalhar então uma sequência de vazios urbanos, como parque linear para a cidade, multifuncional, o seu limite revelou-se como a matriz de projecto onde iriam ser aplicadas as principais estratégias de intervenção. Esta linha de transição, ou limite depois de trabalhada permitia a fluidez de espaços da cidade, na resolução das fracturas urbanas, e caracterização dos diferentes lugares que a constituem. As estratégias para a operar sobre a matriz de trabalho, o limite apoiaram-se na necessidade de o limpar, reabilitar e habitar (pela ocupação dos espaços), procurando acima de tudo, dar prioridade à vida comunitária, às actividades quotidianas das pessoas que habitam a cidade diariamente.
A ideia era a de alterar o mínimo indispensável, protegendo e valorizando as potencialidades inatas do lugar, sem cair no erro de contradizer aquilo que já é um ciclo de crescimento natural. Assim, o limite foi trabalhado através do tempo, quer meteorológico quer cronológico, de modo a que este funcionasse independentemente das épocas, quer o território se caracterizasse por períodos de seca, cheias ou mesmo o aparecimento de vegetação temporária. Com a passagem do tempo, a paisagem renova-se sofrendo mutações de forma gradual e contínua. A paisagem , em constante evolução, à passagem cronológica do tempo, regista silenciosamente uma sequência de instantes, resultando numa sobreposição de momentos e memórias físicas. Estes permitem não só a sua análise, como comparação e conjectura do seu estado evolutivo. A este nível a intervenção foi feita de modo pontual, ao nível da micro -topografia, permitindo que fosse o próprio tempo a continuar o processo.