Ano Letivo
2014/2015
Unidade Curricular
Laboratorio de Urbanistica
Ano Curricular
3º
Docência
Cidália Ferreira da Silva, Daniel Duarte Pereira e Vincenzo Riso
Título do Exercício
Formas de ocupação estruturadas pela água
Local de Intervenção
Vários Lugares do Concelho de Fafe
Enunciado do Exercício
Pretende-se que os alunos aprofundem o trabalho de representação e interpretação de uma amostra territorial do concelho de Fafe partindo de um tema comum à turma, relativo à função estruturadora da rede hidrográfica, que no território do concelho de Fafe é central, desde os rios Ferro e Vizela até a uma rede capilar extensiva.
Vários Autores
MOINHO, SISTEMA DE PRODUÇÃO ASSOCIADO À ÁGUA por Ana Carina Silva, Janine Santos e Maria Manuel Santos
Local: Serafão, Fafe
Em Serafão, os cursos de água contam uma história muito marcada pela dependência deste recurso. O rio Torto estende-se ao longo de um vale criando uma corrente estreita, no entanto, forte, que em tempos moveu as pás de pelo menos dezassete moinhos. Hoje apenas alguns subsistem, e o nosso estudo incidiu em três que se caracterizam pela sua proximidade. Os espigueiros são elementos que se mostram recorrentes no terreno da freguesia. O levantamento das localizações destes permitiu mapear os antigos campos de cultivo de milho.
Através do estudo do ciclo do milho-moinho-farinha conseguimos entender a rotina que movia a gente da terra: semear-colher-moer. O brasão de Serafão também foi um motivo de análise, nele estão representadas a água e o milho, elementos essenciais para todo este processo. Serafão é uma freguesia pouco povoada em que a agricultura está muito presente.
O sistema rodoviário é pouco denso e desenvolve-se, maioritáriamente, paralelo ao rio. As habitações surgem junto às ruas; entre elas e o rio encontram-se os terrenos agrícolas.
PERMEABILIDADE DA LINHA DE ÁGUA por Cassilda Baptista, Helena Martins e Tânia Ferreira
Local: Casa de Estime, Monte, Fafe
A linha de água, como elemento ocupado pela evolução urbana, ostenta a ser um espaço totalmente alienado por parte do homem, mas em Casal de Estime, por necessidade, foi sempre uma questão que nunca esteve em prática. Sendo um espaço que vive totalmente da agricultura era indispensável que a água não fosse designa-do como um membro da população.
No excerto, elemento excecional da nossa amostra, a planta, auxiliada pelos cortes permite-nos perceber as várias alternativas possíveis e encontradas quer pelos moradores, quer pela forma topográfica para que à linha de água seja permitido o correr desde a cota mais alta à mais baixa.
Casal de Estime é um dos três lugares que ocupam a freguesia de Monte do concelho de Fafe. Os seus habitantes dedicam-se à agricultura e à pastorícia, aproveitando as terras férteis do vale da Ribeira de Reais e a proximidade da Serra do Maroiço.
Tendo sempre como referência principal estes dois meios de subsistência, os papéis da água e do solo adquirem uma importância maior. Neste caso em particular, num vale de topografia acentuada, era importante perceber como é que a água, com a evolução urbana e topográfica consegue harmonizar o character e a função.
Assim a permeabilidade, normalmente associada unicamente ao solo e à ua percolação de fluídos, aliada agora a uma linha de água, permite estudar a sua maior ou menor dificuldade de se deixar apoderar por tudo aquilo que é natural ou não ao seu correr original.
VINCULAÇÃO TOPOGRÁFICA AOS RECURSOS HÍDRICOS por Maria Martins, Rita de Sá, Vânia Silva e Nahed Nabhan
Local: Tojal e Pedraido, Fafe
Partindo de uma análise in situ, do rio Vizela e do seu sistema de afluente, observamos que a forma como o aproveitamento dos recursos hídricos, permitidos pela topografia, estrutura o território. Focando-nos nas zonas das freguesias do Tojal e de Pedraído, analisamos o modo como o rio, com a sua topografia vincada, estrutura de forma díspar as suas margens. A norte, no Tojal, foi possível manipular a topografia através da criação de socalcos; a sul estando presente uma pendente mais elevada, a área adossada à margens é florestal e árida. Partindo desta dicotomia estruturamos o trabalho no sentido de compreender a forma como a rede hidrográfica, que nasce no rio Vizela, infraestrutura das duas margens.
IN ANTIS: A DESCOBERTA DA ÁGUA PELO SOM por Alexandre Pontes, Bruna Carvalho e Diana Araújo
Local: Várzea Cova, Fafe
A amostra em estudo engloba três núcleos habitacionais do concelho de Fafe - Várzea Cova, Bastelo e Aboim. Estando todos em situação de encosta, as variações ocorrem, num primeiro olhar, na diferenciação de cotas e na posição que ocupam relativamente aos ribeiros que conformam este vale. Estas duas linhas principais de água são o elemento de ligação entre as aldeias, sendo que o objecto de estudo deste trabalho recai sobre a forma como elas conduzem os afluentes e linhas secundárias ao longo do território.
Em cada núcleo foi seleccionado um percurso pedonal que sintetiza a diversidade de (infra)estruturas, sendo estes que estão representados quer em corte quer em planta.
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO COMO POTENCIADORES DA PAISAGEM por Joana Araújo, João Silva e Renato Azevedo
Local: Ribeiro em Arnozela, Fafe
Centrando o estudo numa porção de ribeiro situado em Arnozela começamos por nos questionar sobre a importância daquela porção de ribeiro para as zonas habitacionais circundantes. Percebemos que aquela linha de água era essencialmente utilizada para irrigação de terrenos agrícolas e para a produção de bens de consumo da população da área (através de moinhos, por exemplo). Focando o nosso estudo nas áreas agrícolas, chegamos a um levantamento de duas áreas distintas, em que a água era aproveitada de formas diferentes no que toca à irrigação agrícola.
Numa das áreas eram utilizados sistemas de irrigação muito mais rudimentares, à base de escavação, e numa outra zona encontramos tanques, tubagens, valas de regadio controladas e organizadas com a vizinhança.
Tentamos então perceber de que forma eram organizados estes sistemas de irrigação mais naturais e de que forma influenciam a paisagem de Arnozela. Percebemos então que a topografia era o factor principal para a localização dos diferentes sistemas, que organizados, definem então as parcelas agrícolas circundantes, que mostram uma boa interação entre a população de Arnozela, para a divisão de água para os seus terrenos privados.
UTILIDADE, REDE DE ÁGUA por Ana Terroso, Cláudia Alves, João Paulo Brandão e Márcia Moreira
Local: Moreira do Rei, Fafe
O nosso trabalho tem como objeto de estudo a rede hidrográfica que se desenvolve ao longo de uma encosta em Moreira do Rei. Este sistema tem a sua origem no subsolo no ponto de maior cota do terreno (578) e encontra seu fim ao desaguar num afluente do rio Ferro no ponto de
menor cota (440).
Esta zona caracteriza-se pela sua encosta extremamente ingreme, a manipulação da topografia do território, por parte do homem, de modo a conter e maximizar o uso da água vai ser o foco e tema da nossa análise, utilidade e sistemas de água.
Ao visitarmos o terreno verificamos que, no seu ponto mais alto, a água é visível pela primeira vez quando se encontra associada a zonas de habitação sob a forma de tanques, canalização á superfície e sistemas de drenagem que se desenvolvem em continuidade e entre as vias e os muros que formam os limites do parcelamento do edificado.
A transição gradual para as zonas de cultivo marca o início do acentuar da topografia da encosta graças á criação dos socalcos. A presence destes muros e patamares permite a criação de percursos em terra batida e um sistema de distribuição de água á superfície, que se desenvolvem em paralelo ao muro que contem o nível superior (este desnível normalmente não excede quatro metros). Estes carreiros de água são desviados para dentro das parcelas agrícolas onde se multiplicam formando vários cursos de irrigação.
A realidade do método de distribuição da água contraria o modelo esquemático e simplista de uma linha única e ininterrupta que atravessa todo o território, o sistema transforma-se conforme o contexto e ação humana, conferindo á água um caracter ubíquo em Moreira do Rei.
MANIPULAÇÃO DAS MARGENS por Anthony Faria, João Ribeiro e Sara Costa
Local: Golães, Fafe
A amostra em análise engloba um fragmento do Rio Vizela do qual se procurou compreender a forma como as margens são conformadas.
Concluiu-se que as mesmas se dividem em 3 tipos de margens diferentes: Construída, Orgânica e Inundada, sendo possível ver também esta tripartição na planta, o que resulta da demarcação de 3 áreas distintas.
Neste sentido entendemos o rio não como um elemento divisor mas como um elemento de articulação.
Neste sentido, o rio deixa de ser uma linha igual ao longo do seu percurso, e passa a ter espessura, a ser elástico.
PERMEABILIDADE por Carla Lopes, Carlos Silva e Cátia Martins
Local: Ribeira no Centro de Fafe
Tendo em conta de que o rio não é um eixo de simetria, é clara a divisão de leitura entre as margens. É interessante o facto de os rios terem uma relação direta com a topografia e da maneira de como se vai adaptando.
À medida que nos vamos afastando da malha urbana o rio é mais aproveitado para o cultivo.
De facto, é notória a diferença das proximidades do rio à medida que nos vamos afastando do
centro.
Traçamos um percurso ao longo do rio de forma a estudarmos a relação das parcelas com a água, tendo em conta a morfologia de ocupação das margens, os modos de vida e de que maneira é que este influência a envolvente próxima e a malha urbana.
MUTAÇÃO DA PAISAGEM por Diana Amaral, Mariana Santos e Rúben Vieira
Local: Ruivães, Fafe
À escala do território, Ruivães é desenhada através da água e analisando as suas linhas compreendemos que é um elemento que inicialmente organiza os campos agrícola, sendo depois redefinido através dos usos dos mesmos. Esta transmissão da forma e o fenómeno das mutações direcionaram o nosso olhar para as suas variações no espaço e no tempo.
TANQUES: COMO USO DOMÉSTICO E COMO SISTEMA HÍDRICO por David Castanheira, Filipa Duarte e Tiago Santos
Local: Retorta e Cepães, Fafe
O objeto de estudo escolhido foi o tanque, nesta zona os tanques não são simplesmente utilizados para armazenar água e para rega das áreas de cultivo, fazem também parte do quotidiano dos habitantes. Estes têm diferentes utilizações entre as quais lavagem de roupa, tratamento de animais para alimentação ou como parte da “decoração” dos jardins. As plantas abaixo mostram dois tipos de lotes diferentes, o Lote 1 mostra uma apropriação mais doméstica do tanque enquanto que, o Lote 2 pretende demonstrar a uma escala aproximada o sistema de distribuição de água dentro das parcelas consoante a sua utilização.
APROVEITAMENTO DA IRREGULARIDADE TOPOGRÁFICA por André Alves, José Martins e Júlio Sousa
Local: Fábrica do Ferro, Fafe
Tendo em vista o Rio Ferro, este painel serve como ilustração de toda uma irregularidade topográfica decrescente bastante acentuada, da qual se tem percepção principalmente no desenho dos cortes. À medida que descemos o rio ferro, as margens do mesmo vão perdendo inclinação ganhando uma maior uniformidade. Denotam-se então mais aglomerados de parcelas agrícolas à medida que o rio desce. Outro aspeto que o painel pretende clarificar é o desenho de todos os canais construídos de forma a levar água a pontos que ficam a cotas mais altas que o rio, de forma natural.
INTERSTÍCIO por Ana Rita Fernandes, Jéssica Pereira e Mónica Gonçalves
Local: Rua de Ribadais, Armil, Fafe
Painel da esquerda. Esquema do posicionamento dos locais de interesse. Situações de contenções de água, de atravessamento sob as vias e barreiras físicas que alteram o percurso natural das linhas de água
Painel da direita. Observação e investigação dos elementos que caracterizam o espaço intersticial entre o rio Ferro e a Rua de Ribadais. Através do cruzamento entre o suporte físico e a apropriação Humana. Descoberta das linhas de água (Invisíveis).
MECANISMOS DA ÁGUA por Hugo Mendonça, Rui Pinheiro e Vera Assunção
Local: Rua de Regadas, Fafe
A freguesia de Regadas caracteriza-se por um povoamento disperso, estruturado pela ribeira com o mesmo nome. A área de estudo escolhida compreende o troço deste curso de água e abrange a sua bacia hidrográfica composta por cinco afluentes entre os núcleos populacionais de Souto da Roda a norte e Outeiro a sul. Interessava-nos compreender, não só de que modo a rede hídrica contribui para o desenho da envolvente mas igualmente de que modo o homem se apropria destes elementos e sobre eles intervem, transformando a paisagem. Mais do que definir limites era premente estudar de que modo a ocupação do território teve lugar e as relações estabelecidas entre edificado e parcelas agrícolas. Seguidamente procedemos à identificação dos elementos de manipulação da água, desenhando-os na sua relação com a topografia.
AS CONSEQUÊNCIAS DO APROVEITAMENTO HÍDRICO por Diogo Terleira, João Carvalho e Sara Cardoso
Local: Barragem da Queimadela, Fafe
Encontrar um rio com o seu desenho natural, sem nenhuma alteração feita pelo Homem é um fenómeno cada vez mais raro. Isto acontece precisamente por aquilo que mais assusta os economistas – a escassez. O aproveitamento de recursos hídricos e a sua rentabilização apresenta-se como uma necessidade e como um factor de alteração dos leitos do rio.
A construção de infraestruturas não é algo inócuo, muda tudo á sua volta, são várias as dinâmicas criadas e as transformações provocadas no meio onde se insere. A construção de uma barragem afecta em larga escala a envolvente – altera o habitat natural de muitos seres vivos, altera o curso dos rios, afecta a fertilidade das terras.
Neste caso em particular, interessa-nos a barragem da Queimadela, localizada em Fafe, inicialmente prevista para a produção elétrica, que tornaria o concelho de Fafe mais independente energeticamente. Tinha ainda outro objetivos: tratamento e abastecimento de água à população, a regulação dos caudais, valorização turística e o apoio à atividade agrícola. Mas apesar destes projetos não muito ambiciosos, muitos não saíram do papel, hoje a barragem da Queimadela serve para abastecimento de águas, caindo a produção eléctrica. E ficou além de todo o desenvolvimento que se previa, não trouxe grande desenvolvimento local.