Ano Letivo

2018/2019

Unidade Curricular

Tese de Mestrado

Ano Curricular

Supervisor/Orientador

Marta Labastida

Local de Intervenção

Felgueiras

Fábrica das Histórias: A narrativa como ferramenta para a reconversão de espaços abandonados. O exemplo da fábrica têxtil Belcor

Rui Ferreira

Um dos principais problemas do território urbano contemporâneo é a sua descontinuidade marcada pela presença de terrenos vagos e edifícios abandonados, resultado de respostas económicas e programáticas desadequadas geradas essencialmente pela crise financeira do início do (presente) século. Este fenómeno ganhou preponderância especialmente nas cidades de matriz industrial, como no caso em análise (a cidade de Felgueiras) consequência das grandes dimensões destes lugares, que criam problemas de difícil resolução na malha urbana.

Face a este cenário de abandono surgem, na generalidade dos casos, ações descontextualizadas que apenas visam a exploração e rentabilização destes espaços, ignorando muitas das suas características potenciadoras de oportunidades. Estes, apesar de transportarem uma carga negativa, são espaços singulares que formam parte da memória coletiva e identidade da população, e o seu estado latente, o vazio dos seus espaços, são a sua maior potencialidade.

Ao contrário das medidas convencionais, em que este vazio seria visto como uma tábua rasa para a aplicação de determinado programa, o objetivo é, através de um caso de estudo (a fábrica

Belcor), a proposta de um olhar aproximado e uma análise a este “espaço entre” no processo de abandono, não procurando encontrar a solução, mas formas alternativas de atuar no espaço.

O desafio de projetar no “entretanto”, que apesar de oportunidade futura se revela condicionado pelo passado. A tentativa de diminuir distâncias entre o espaço devoluto e a cidade. Uma posição entre a história do lugar e a ficção, entre o real e o imaginado.

Desta forma, a narrativa é utilizada como ferramenta de análise, permitindo relacionar histórias pertencentes a diferentes tempos, sejam memórias do passado ou necessidades do presente, de modo a encontrar pontos de relação que fomentem ações futuras. Posto isto, além de diferenciadoras as ações revelam-se assentes na identidade do lugar e nas suas necessidades, sendo a fábrica não só um lugar de representação de histórias como também a máquina onde estas são produzidas.