[CO]NTRASTE

José Fernandes, Fabrizio Stazzone e Irina Mariné

Este trabalho tem como tema o abandono. Por essa mesma razão, de um modo distinto das propostas promovidas pelo sistema imobiliário, ainda que filtradas algumas informações, resulta de várias visitas de campo, assim como entrevistas aos moradores e recolha sobre os dados do Loteamento de Madre de Deus. Com o difícil afastamento das opiniões de quem anseia usufruir do espaço, vemos o nosso trabalho muito direcionado e orientado para a vontade de responder àquilo que as pessoas menos esperam, mais ainda daquilo que seja menos provável em relação por exemplo à atitude da Câmara Municipal e dos agentes imobiliários.

A cidade é cada vez mais organizada instantaneamente, em que o processo natural das coisas é obtido fugazmente. A própria sazonalidade das várias fases do ano marca o ritmo e o seu funcionamento, não só em Azurém, mas também na área circundante. A ideia é criar através do espaço existente um edifício híbrido que propõem uma forma diferente da relação do transeunte com a cidade, desde o seu modo de uso até à sua maneira de viver em cada fase do ano. O uso da estrutura abandonada possibilita trabalhar os seguintes temas: permeabilidade ao permitir um maior aproveitamento do espaço e dos seus usos; adaptabilidade com os diferentes tipos de uso; sustentabilidade pelo uso dos materiais existentes e a criação de sistemas que suportem as necessidades daquele lugar; e temporalidade que se encontra dependente das várias fases do ano. A ideia de híbrido nesta proposta é de criar um espaço coletivo e ao mesmo tempo, que responda às necessidades da área envolvente, tais como edifícios de caráter habitacional. Apesar de ter sido pensado como um, acaba por ser uma imagem de uma alternativa à maneira como vemos a habitação coletiva, e uma resposta ao ABANDONO.