Ano Letivo
2018/2019
Unidade Curricular
Laboratorio de Urbanistica
Ano Curricular
3º
Docência
Cidália F. Silva, Vicenzo Riso
Título do Exercício
Caminhar Como Prática de Reconhecer
Enunciado do Exercício
Este exercício pretende iniciar o estudante no reconhecimento do espaço-tempo através da ação do caminhar. Cada elemento é chamado a ter uma relação atenta com a prática do caminhar, apreendendo e sentindo a complexidade do ambiente construído que percorre. Caminhar é um ato criativo através do qual reconhecemos. Este reconhecer é feito através da relação direta entre o nosso corpo e o espaço percorrido. Nem só o olhar nos permite ver. Quando fechamos os olhos e cheiramos, ouvimos, ou tocamos apreendemos outras dimensões que nos escapavam ao olhar. É um ato próximo de relação, que através do reconhecer provoca a transformação, tanto do espaço como do nosso ser. Aprendemos a andar, andamos, repetimos a ação e voltamos a andar. Daí ser uma prática. Desta forma, transformamos a perceção do espaço e também a nossa própria relação entre o espaço, o tempo e a experiência cognitiva dos mesmos. Convida-se cada grupo a escolher um percurso situado numa amostra do Vale do Cávado (situada nos municípios de Braga e Vila Verde). A regra que se dá é o tempo medido da ação: 20 min a andar. Esta dá a relação entre espaço e tempo. O andar permite-nos a liberdade de nos perdermos e assim descobrirmos outros espaços.
Vários autores
TESSITURA URBANA por Bruno Pereira, Catarina Moreira, Cláudio Meireis e Márcia Oliveira
No âmbito do exercício “Caminhar como Prática de Reconhecer”, começamos por escolher um percurso, na Vila de Prado, que se orientava na perpendicular à margem do rio Cávado e que seria percorrido durante cerca de 20 minutos. O trajeto passava, essencialmente, por uma estrada com muita construção habitacional. Deste modo, decidimos que o tema do nosso grupo seria trabalhar os limites existentes, ou seja, perceber de que forma se faz a separação do espaço público/privado, por exemplo, entre uma habitação e a rua ou entre um edifício público e a rua. Após analisarmos cada situação individualmente, chegamos à conclusão de que os limites entre os espaços público/privados são assinalados através de muros, vias pedonais, passeios, vegetação e desníveis criados pelo próprio pavimento.
Posteriormente chegamos à conclusão de que as edificações também se posicionam de formas distintas relativamente à estrada. Dependendo da relação que cada edifício tem com a estrada, este pode localizar-se no lote mais recuado ou mais próximo da via. Durante este processo observamos que havia várias formas de se fazer o acesso automóvel às habitações: ao mesmo nível da via pública, com desnível (através de rampas) ou até situações em que não existe acesso automóvel por se tratar de edifícios públicos.
Nos desenhos focamo-nos na representação dos diversos edifícios: privados de habitação (que pensamos ter alguma relevância no trajeto por serem construídos de formas diferentes ou com alguma característica diferente) e diversos edifícios de cariz público (saúde, educação, religiosos, lazer, comércio, segurança, serviços). Nos cortes, tentamos mostrar a relação do edificado com a rua, visto que é o tema do nosso percurso.
Relativamente à construção das maquetes, desenvolvemos uma maquete que mostra o trajeto representado com linha azul, e o tecido urbano com linha vermelha, de parte da Vila de Prado. Nessa maquete identificamos também a maioria dos cruzamentos, utilizando alfinetes, e algumas mudanças de direção das ruas existentes na via pública. Em maquete construímos também os cortes que desenhamos à mão.
Um dos aspetos importantes deste trabalho consistia em perceber e representar o fenómeno do palimpsesto neste território. Este fenómeno consiste em perceber as alterações que um determinado território sofreu ao longo dos anos, perceber de que forma um espaço se alterou por ação da natureza ou do Homem, por exemplo. Para representar o palimpsesto no nosso percurso, recorremos a plantas do território que datam desde 2004 (a mais antiga que foi possível arranjar) até ao ano de 2017 (a mais recente), embora não tenhamos as plantas de todos os anos, mas sim de dois em dois anos, aproximadamente. Com a observação destas plantas, concluímos que as alterações mais evidentes foram ao nível da vegetação, hidrografia e do edificado.
CAMINHAR COMO PRÁTICA DE RECONHECER por Ana Rita Cabral, Francisca Freitas, Henrique Ferreira e Henrique Ferreira
Um percurso de 1,3 km com uma duração aproximada de 20 minutos, inicia-se na margem direita do Rio Cávado, numa plataforma junto à Ponte de Prado.
Subindo a rua em direção ao centro da vila, o percurso mostra-nos várias alterações a nível da paisagem, como a topografia, o edificado e a sua organização, bem como a distinção de diferentes tipos de pavimentos. Percebemos, à medida que vamos entrando na vila, a sua dimensão e influência histórica. Do nosso lado direito encontra-se a Ponte de Prado, elemento indubitavelmente importante nos vestígios deixados pelos romanos no nosso país. Ao mesmo tempo, assim que subimos a rua que nos leva até ao Jardim da Vila de Prado, notamos uma grande afluência tanto por ser um dos principais pontos de entrada na Vila. O nosso caminho em linha reta forneceu-nos mais um dado para o entendimento do funcionamento social e económico da vila em dias alheios ou até mesmo nos mais especiais. Se por um lado constatamos que foi seguido o percurso das cruzes da Via Sacra, também chegamos ao local onde é feita a feira semanal. Nesta zona de alta densidade habitacional percebemos que as vivências são mais urbanas do que rurais. Caminhando em direção ao cemitério de Prado notamos uma imagem mais verde no que nos rodeava, não só nos campos e jardins assim como na marcação de árvores. Seguindo pela EN 205 em direção a Barcelos entramos de novo numa área bastante movimentada e com o aparecimento de indústria. Por esta estrada continuamos o caminho das cruzes da Via Sacra e notamos o aparecimento de alguns nichos de Alminhas. Foi possível observar um curso de água atravessando os campos de cultivo. Estávamos sobre a Ribeira de Febros. A Ribeira de Febros é um afluente do Rio Cávado que atravessa campos de cultivo e lameiros, desaguando na margem direita do rio. Ao longo da ribeira foram construídas habitações, açudes e alguns moinhos de água onde notamos o seu valor económico e potencial utilizado a favor da população. Nos dias de hoje, parte da água é utilizada para a rega, para dar de beber a animais e, apesar de muitos moinhos já se encontrarem parados, a força da água ainda é utilizada para a moagem de milho. Outra atividade dependente da água do rio é a lavagem da roupa. Agora deparamo-nos com tanques inutilizados, mas que se encontram em sítios próximos de aglomerados habitacionais. Assim, é possível perceber a dimensão social que as margens deste ribeiro proporcionavam à população próxima.
No momento em que chegamos à Igreja Matriz surge um tipo de construção e divisão dos edifícios envolventes completamente diferente daquilo que o caminho nos tinha habituado até então. Construções de casas aglomeradas, com limites feitos unicamente de paredes, ao mesmo tempo que determinamos a fronteira entre rural e urbano que ali existia. Este aglomerado habitacional junto à igreja foi encarado como uma pequena aldeia dentro da Vila, em que as casas se encontravam todas juntas como um só edifício que se estende adjacente à rua. A partir deste local o ambiente encontrado foi quase exclusivamente campos de cultivo.
Um caminhar por ruas aparentemente sem importância, mas repletas de história.
#A_LAND_TO_LEND por Ana Luísa Abreu, Bárbara Peixoto, Filipa Serino e Duarte Amorim
O tema surgiu consoante uma análise mais aprofundada sobre os diversos elementos que constituem o percurso, realçando o que mais nos chamou à atenção com objetivo de interpretar o que acontece no espaço. Os campos de cultivo impulsionaram o estudo de processos da transformação das parcelas, entre eles a subdivisão, a agregação e a anulação. A extensão das parcelas agrícolas, que foram interditas como frentes urbanas, através de ruas que rasgaram e desenham novas parcelas. Conseguimos comparar e analisar os diferentes procedimentos, observando a forma como surgem e como caracterizam e confrontam com o terreno.
Com os desenhos pretendemos confrontar a passagem do tempo com as diferentes ocupações e a forma como o crescimento urbano se assenhorou ao terreno.
Sendo a água um elemento importante que influencia o desenho destas parcelas, tentámos perceber por onde circulavam as águas de rede e as águas pluviais na área próxima ao nosso percurso. Analisámos que a água não atravessa as parcelas, tendo sido projetadas para contornar as mesmas.
Concluímos que a estrutura parcelar foi se dividindo e aglomerando ao longo do tempo, dependendo do uso da população que se foi ajustando e deste modo, tomando diferentes identidades ao longo do tempo. As parcelas, conforme os processos estudados mostram-se flexíveis às necessidades da população.
A VEGETAÇÃO COMO ELEMENTO DE CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM por Ana Margarida Leite, Bruno Abreu, José Neves e Sana Biai
O nosso percurso começa no Rio Cávado, a partir do qual definimos um caminho perpendicular. Neste trabalho, abordamos o modo como esta zona pode ser definida pela sua paisagem e como foi moldada por esta ao longo dos anos.
É uma paisagem com grande intervenção humana que resulta de um desenvolvimento nesta área, sendo um espaço que não foi definido como um todo ou desenhado previamente. É sim uma paisagem que se vai moldando e adaptando aos diferentes usos, desenvolvendo-se através das mudanças existentes nesta região.
Relativamente ao sistema viário, este é bastante definido pela estrada nacional que marca um forte eixo perpendicular ao rio, e é ainda acentuado por outras estradas principais paralelas à nacional. Existem ainda estradas secundárias que se interligam com as vias principais, funcionando tanto para trânsito automóvel ou tendo apenas função pedonal, dividindo os campos desta zona. Quanto ao sistema parcelar, destaca-se o contraste entre as parcelas industriais e agrícolas, que são de grande dimensão, com as pequenas parcelas de habitações unifamiliares.
Esta região é uma zona muito marcada pelo rio, existindo várias ruínas de moinhos ao longo do Cávado. Apesar de ainda ter uma mancha verde bastante marcada pelas suas zonas agrícolas, esta foi diminuindo ao longo dos anos, devido ao crescimento da indústria nesta região e por consequência, o abandono da agricultura. Estas zonas foram substituídas por zonas habitacionais, que acabam por moldar esta paisagem de uma maneira bastante diferente da anterior. Temos ainda vários terrenos que foram abandonados e são agora terrenos baldios, criando assim espaços vazios ao longo deste percurso.
Neste percurso, podemos encontrar várias relações da vegetação com os diferentes lotes. Encontramos lotes completamente ocupados com zonas agrícolas, como campos (desde trigo, milho, couves, entre outros) e vinhas; lotes completamente industrializados e principalmente lotes habitacionais, sendo que nesta parte da parcela é constituída ora por jardim ora por zona agrícola, mostrando assim a importância da agricultura nesta zona e o seu impacto a nível territorial.
Podemos ainda ver um pormenor bastante caraterístico desta região do país, relativamente á maioria das vinhas. Estas delimitam os terrenos, percorrendo os limites dos lotes, deixando o resto do lote livre para outras plantações, aproveitando assim o máximo de espaço possível.
O sistema de condução utilizado nestas vinhas é o sistema do enforcado, que consiste em suportes verticais normalmente de granito e travessas em madeira ou ferro onde se fixam arames que conduzem a videira.
Esta mancha verde é ainda composta por uma grande diversidade de árvores e plantas, tais como eucaliptos, pinheiros, bétulas, loureiros, carvalhos entre outros típicos da flora desta zona.