Ano Letivo
2011/2012
Unidade Curricular
Laboratorio de Urbanistica
Ano Curricular
3º
Docência
Cidália Ferreira da Silva Vincenzo Riso
Título do Exercício
Refazer Lugares
Local de Intervenção
Vale do Cávado, Vila de Prado e Soutelo
Enunciado do Exercício
No contexto do território urbano contemporâneo, cuja urbanização atingiu os limites de expansão possível, é colocado aos projetos de arquitetura um desafio emergente: refazer lugares que já passaram por longos processos de utilização antrópica. A cada grupo é pedido para se apropriarem da interpretação definida previamente no exercício 2 – construir um olhar específico – e atuarem na mesma área de modo a explorarem e aprofundarem novas hipóteses.
Florisa Rodrigues, Sónia Silva, Diogo Lopes e João Vieira
'Aprender da paisagem existente é a maneira de ser um arquiteto revolucionário'
R.Venturi & D.Scott Brown, Learning from Las Vegas
Pretendendo chegar à definição de uma ideia de um projeto trans-temporal e trans-escalar, partimos para uma catalogação da estrutura selecionada. Deste modo, foram enumeradas três zonas distintas - AMPLIAÇÃO, RECUPERAÇÃO E TRANSPOSIÇÃO. De uma forma muita sucinta, a zona de ampliação corresponde a uma parte do canal no qual este se encontra ativo; recuperação corresponde a uma zona mais destruída do canal, no qual foram encontradas partes anuladas; por fim, transposição corresponde a uma zona de contacto com a vila, com a vida citadina de Cabanelas. Aqui todo o canal é apagado, encontrando apenas vestígios em direções, em memórias de uma estrutura.
AMPLIAÇÃO
Tendo em conta o enraizamento com as microdinâmicas do local, para cada uma das zonas foram delineados diferentes olhares, logo diferentes atitudes em relação ao que seria proposto. Tratando-se de uma zona ativa deste canal, a intervenção passaria por um reavivar da estrutura adjacente criada no término deste. No exercício anterior que realizamos (colocar link do exercício) apreendemos os instrumentos necessários para a leitura de um todo numa parte, assim, em jeito de metáfora foi criada um sistema de irrigação de modo a que as parcelas agrícolas pudessem ter um melhor usufruto desta estrutura. Adotando uma mesma lógica do sistema de irrigação estudado anteriormente (exercício 2), reafirmamos a importância desta estrutura no desenvolvimento do território.
RECUPERAÇÃO
Sendo esta uma zona de parcial destruição do canal, a intervenção passaria por uma leitura específica de situações diferentes nas quais reintegraríamos o canal no seu funcionamento. 1. Parque de campismo. Trata-se de um programa que já foi alvo de atenção por parte de público. Uma vez encerrado, o parcelamento agrícola substituiu as tendas que, noutro tempo, invadiam as margens do rio Homem. A intervenção proposta passa pela reativação deste programa, por um redesenho das suas estruturas e pela participação ativa do canal neste. Deste modo, e relembrando que se trata apenas de um programa sugerido pelo grupo, não uma imposição, foram criadas estruturas base para que qualquer outro programa que se julgue mais adequado possa ter as condições necessárias para tal. Assim, inicialmente existiu uma análise do pré-existente, posteriormente a criação de uma estrutura base que pudesse suportar uma participação ativa do canal e a integração de um programa adequado, e por fim a sugestão de um programa para o local.
2. Vacaria.
Adquirindo a mesma lógica de pensamento que no caso anterior, a intervenção neste local passou pela criação de estruturas adjacentes para a manutenção do programa já existente e o papel ativo do canal neste. Assim, procedeu-se a uma análise do pré-existente, a criação de uma estrutura base e por fim a proposta de umas instalações.
TRANSPOSIÇÃO
A sobreposição da cidade nesta estrutura tornou-se fundamental na leitura desta. Assim, assumindo as modificações que o território sofreu, optámos por torná-las objeto de estudo. Ao invés de camuflar ou desviar o percurso da água, mostramos, com a leitura desta planta, as consequências que este canal teve na conformação da cidade e vice-versa, apesar da imposição que o crescimento urbano sobre esta estrutura serem ainda visíveis: partes do canal foram cobertas por lajes, por cimento e pela vida citadina. Relembrando aquilo que foi uma leitura das diferentes redes de água potável e saneamento e da sua repercussão na forma como o seu desenho moldam ou são moldadas pelo terreno. Reafirmamos que se trata de uma integração recente, conformando-se, portanto, ao desenho pré-existente.
Dado que o percurso da água neste canal se impossibilita na sua totalidade pela sobreposição da cidade, foi necessário redesenhar a forma como este termina e desagua no rio Cávado. Logo, tendo em conta aquilo que é o desenho pré-existente das parcelas, o desenho do canal integra-se no território, formando-se como parte ativa deste.
Como síntese de toda esta análise do território e suas marcas, representamos apenas o que é verdadeiramente importante na compreensão da estrutura analisada – o canal. Todo o trabalho é baseado num olhar específico do território e da integração/ reintegração da estrutura nele.
Para um entendimento de todas as intervenções aqui tratadas, é necessário que haja um estudo prévio do território, e das suas particularidades. É também necessário entender que o território, tal como o Homem, sofre mutações, muda, altera-se. Como tal, o nosso olhar também se deve adaptar a elas, bem como esta estrutura.
Desde a análise do pré-existente até à catalogação (Ampliação. Recuperação. Transposição) do canal e à proposta de possíveis intervenções, tentamos transpor para o desenho, aquilo que foi o nosso raciocínio base para uma desmultiplicação de intervenções.