Ano Letivo
2011/2012
Unidade Curricular
Tese de Mestrado
Ano Curricular
5º
Supervisor/Orientador
Rute Carlos
Local de Intervenção
Foz do Rio Lima, Viana do Castelo, Portugal
Clara Araújo
O projeto de investigação que se segue é um exercício de reflexão sobre o modo de intervenção para a requalificação do Estuário do Rio Lima.
Instigada pela impressão in situ, na qual se reconheceu uma realidade de descontinuidades impermeáveis à passagem e, simultaneamente, uma realidade de abandono em diferentes estados, quer de estruturas terrestres e fluviais, quer de percursos, ou parcelas, nas margens do Rio Lima, reflexo de um processo de desvinculamento do indivíduo face ao seu meio, enunciou-se a necessidade de questionar o modo de reaproximação das pessoas à margem e o modo de requalificação da mesma, pela valorização dos seus temas.
Partindo deste pressuposto, no qual se assume a necessidade de caracterizar e reativar a ocupação no estuário do Rio Lima, restituindo-lhe o seu sentido de lugar, elaborou-se uma estratégia de intervenção que, através de um método de análise empírica, investiga, recorrendo às ferramentas de análise de várias áreas disciplinares e à análise in situ, presente em todas as fases do trabalho, o estuário na sua transversalidade e especificidade, no sentido de o caracterizar física e culturalmente.
Desta análise ressaltaram dois aspetos pertinentes, que dariam o mote de intervenção. Por um lado, que o estuário compõe-se por unidades de paisagem que o particularizam, na sua condição de meio aquático influenciado por correntes marítimas, condição favorável à existência de lagoas, salinas, ínsuas, formações halófitas, e por outras, transversais a todo o rio Lima, como as extensas várzeas, vinhas ou praias fluviais. Por outro lado, permitiu perceber que o rio, elemento comum a todas estas Paisagens da Margem, é simultaneamente o elemento que as isola. Constatação que levou à necessidade de repensar o modo de ver e interagir com o rio, resultando na construção de um novo modo de representação do rio, a partir do qual se definiu a estratégia de intervenção.
Esta construção de um novo olhar, inscreve o indivíduo no centro do território para o compreender. O que aplicado ao estuário, significa, a necessidade de reposicionamento do indivíduo no centro do estuário. Como? Assumindo o rio, um elemento contínuo em estrita relação com as margens, como o ponto de partida para a observação e compreensão da sua envolvente. Admitindo-o como uma linha de permuta ao longo da qual duas áreas se alinham.
Com base neste princípio, recupera-se a rota fluvial, como a linha que cose as paisagens da margem, suportada pela existência de ancoradouros ao longo do estuário, para elaborar uma proposta de intervenção que mediante a identificação prévia das unidades que caracterizam o estuário, explora hipóteses de rotas temáticas associadas a ancoradouros existentes, recuperados ou reinterpretados para novos usos.